segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Editor Mais Rápido do Velho Oeste

Por Gabriel Guimarães


Responsável por momentos marcantes nos quadrinhos de aventura e ficção mundiais, o editor italiano Sergio Bonelli, hoje, se tornou o centro das atenções para os admiradores da arte sequencial por uma razão diferente do tradicional reconhecimento por seus incontáveis anos de dedicação e empenho no mercado editorial. Neste dia 26 de setembro, aos 78 anos, Bonelli partiu em direção ao seu Velho Oeste pessoal, onde viverá as aventuras que tantos de seus memoráveis personagens já protagonizaram.


Desenho de Bonelli, num estilo similar
aos de seus personagens
 Fosse como roteirista de histórias como Dylan Dog, Zagor, Nathan Never, Julia Kendall e Mágico Vento, ou como editor principal da maior criação de seu pai e grande herói do faroeste em quadrinhos, Tex, Bonelli sempre se destacou por sua diversidade na abordagem de tramas, que iam desde o sobrenatural até o mais tenro e puro drama humano.

Grande responsável pela editora Sergio Bonelli Editore, lar de todos os seus personagens, Bonelli contribuiu de forma determinante para o desenvolvimento dos quadrinhos italianos, e a formação de um público leitor que, diferente de em muitos pontos do mundo, ganhava uma diversidade de tons e estilos para adaptar a seus gostos pessoais de leitura e identificação. Sempre presente no Congresso Internacional de Histórias em Quadrinhos, na cidade de Lucca, Bonelli sempre deixou clara sua paixão pela arte sequencial, e sempre procurou novas formas de expandí-la.


Animação de Martin Mistery, adaptação
dos quadrinhos de Martin Mystére, de Bonelli

Há alguns anos, foi feita uma tentativa de levar um de seus personagens, Martin Mystére, para a animação, num estilo que tentava atrair o público mais jovem, porém, com tramas mais carregadas de suspense e mistério, porém, a série não teve uma duração muito longa, e terminou pouco tempo depois de começar. Em 2011, outro de seus protegidos foi alvo de adaptação, desta vez, para o cinema, no filme "Dylan Dog", protagonizado pelo ator Brandon Routh, já conhecido do público de quadrinhos pela sua interpretação de Superman no último filme feito do Homem de Aço, e pela sua atuação como Todd Ingram, o vegan membro da Liga de Ex-Namorados do Mal, na adaptação da história em quadrinhos "Scott Pilgrim Contra o Mundo" para as grandes telas. O filme não teve uma divulgação muito efetiva aqui no Brasil, e passou em poucas salas de cinema, concorrendo com muitos filmes de grande visibilidade para os espectadores.

Bonelli deixa para trás um legado de imensa importância e uma história que merece ser lembrada e gravada na história dos quadrinhos enquanto meio de comunicação mundial. Muitos quadrinistas e sites prestaram homenagem ao grande mestre dos fumetti, com destaque para a obra de arte produzida pelos estúdios de Maurício de Sousa, envolvendo todos os personagens criados e/ou representados por Bonelli.

Como todo bom filme de faroeste, Bonelli agora corre em direção ao pôr do Sol, em cima de seu cavalo, tão viril como ele, e cujos músculos comprimem e expandem, pela energia do momento, apenas para que ambos possam parar em frente ao horizonte, muito além de onde nossa vista de fato alcança, para erguerem-se, juntos, e mostrar seu espírito de aventura. E nós, com certeza, jamais esqueceremos a história e as estórias do editor mais rápido do Velho Oeste. Obrigado, Bonelli.

Homenagem dos Estúdios Maurício de Sousa
a Sérgio Bonelli


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Veni, Vidi, Vecchi

Por Gabriel Guimarães



Há quase um mês, os quadrinhos brasileiros perderam um grande nome que está na história do gênero no país. Após uma longa carreira trabalhando na filial brasileira da editora italiana Vecchi, que pertencia à sua família e fora originalmente fundada por seu homônimo tio, Lotário Vecchi teve grande importância para a formação do vasto material em quadrinhos publicado aqui no decorrer do século XX.

Inaugurada no Brasil em 1913 através do imigrante italiano Arturo Vecchi, a editora só começou a se envolver com os quadrinhos na década seguinte, ao publicar revistas voltadas para o público infantil, como "Mundo Infantil", e pequenas novelas gráficas em forma de folhetim. Entretanto, foi a partir do final da década de 1960 que seu papel começou a ganhar mais importância no cenário da arte sequencial no país, quando o filho de Arturo e homem a quem esta matéria visa homenagear, Lotário Vecchi, assume a dianteira dos negócios da editora.

Optando por transformar a editora em uma produtora exclusiva de periódicos, Lotário cancelou a linha de livros que eram lançados pela Vecchi e trouxe para os títulos publicados o herói de faroeste italiano Tex, que formou um público fiel muito forte nas terras tupiniquins. Em 1973, aconteceu um fato que foi determinante para a editora alcançar a posição que ostenta na história do mercado editorial de quadrinhos, quando Lotário contratou o ainda jovem Otacílio d'Assunção Barros para participar do setor de quadrinhos da editora. No ano seguinte, quando a revista "MAD" foi, enfim, publicada no Brasil, foi esse jovem que assumiu muitas das responsabilidades por estruturar a sua publicação, sob o seu novo nome artístico, Ota.

Lotário tentou atrair o público com diversos personagens publicados na revista "Eureka", que enfrentou uma série de problemas tanto em termos de composição, já que trazia histórias de personagens que já não possuíam tanto apelo junto ao grande público, como Pafúncio e Pinduca, quanto judiciais, quando se descobriu que o título da revista já era registrado para uma pequena publicação de palavras cruzadas, a qual depois foi comprada pela Vecchi. Entretanto, através da persistência do editor, que adquiriu alguns personagens da extinta revista "O Cruzeiro", como Gasparzinho, para competir com as grandes publicações da época, em especial as da editora Abril.

Com o sucesso dessa nova empreitada e o estouro de vendas provocado pela "MAD", a editora foi crescendo sua participação no mercado de quadrinhos no Brasil, e foi a responsável por lançar os Strunfs, criados pelo belga Peyo, que mais tarde viriam a ser chamados de Smurfs (sobre a publicação destes e sua história nos quadrinhos, recomendo este artigo de um de nossos grandes parceiros de quadrinhos, o blog "O X da Questão"). A editora começou a se aventurar nos quadrinhos de terror, e se tornou uma das grandes editoras do gênero no país, com histórias que facilitavam a identificação com o público, com personagens nacionais e histórias ambientadas no território brasileiro, como a revista "Spektro".


Edição da MAD publicada pela editora Vecchi

Entre as outras publicações da editora, estavam Zagor, Ken Parker, Spirou e Fantasio, dentre uma enorme gama de outros. Na década de 1980, porém, a editora passou por uma crise interna, resultado do endividamento com a compra de uma gráfica na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. Com as dificuldades de pagamento, muitos artistas acabaram migrando para as demais concorrentes, e Lotário, após se desentender com suas irmãs, que também participavam da gerência da editora, decidiu se afastar dos negócios, tendo o apoio de Ota, que levou consigo a publicação da "MAD". Com todos esses problemas, a editora fechou as portas em 1983, porém, seu lugar na história dos quadrinhos nacionais permanecerá para sempre, tal qual Lotário Vecchi, que tanto investiu na produção das linhas de quadrinhos.
Edição dos Strunfs, depois renomeados
de Smurfs, publicada pela Vecchi

Para quem tiver interesse em ler um depoimento pessoal do próprio Ota sobre sua experiência na Vecchi e com Lotário, fica a recomendação para este artigo publicado no blog Bigorna.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

3 Anos!

Por Gabriel Guimarães


Hoje é um dia de muita alegria para o blog Quadrinhos Pra Quem Gosta, pois, após muito trabalho e dedicação, o blog enfim alcança a marca de três anos de existência. Iniciado em setembro de 2008, o blog começou devagar, andando ainda de forma a encontrar seu exato rumo, a fim de cumprir seu grande papel: de permitir uma discussão mais aberta sobre esse meio de comunicação que todos aqui respeitamos e admiramos, as histórias em quadrinhos.

Contando com trabalhos de faculdade e matérias que visavam abranger o máximo possível de nuances e gêneros que poderiam ser dados à arte sequencial, o blog foi crescendo, amadurecendo, e tomando a forma que tem hoje, onde o contato entre nós e o público leitor é um dos elementos mais importantes de nossa identidade.

Foi por essa razão que, há cerca de um mês atrás, foi iniciado aqui no blog o "Concurso Cultural Quadrinhos Pra Quem Gosta", para que, dessa forma, existisse a possibilidade de retribuir aos leitores que tanto ajudaram na formação de toda a estrutura do blog e que permitiu a contínua expansão do mesmo.

Foram recebidas muitas incrições, tanto de parceiros já comuns do blog, quanto de novos leitores, e fica, desde já, um sentimento de agradecimento imenso a todos vocês. No futuro, certamente, haverão outras oportunidades para que todos os que não conseguiram vencer dessa vez participem novamente.


É, hoje, portanto, nesta data extremamente especial, que venho informar os autores das respostas mais criativas para as perguntas  "Qual a sua matéria favorita do blog Quadrinhos Pra Quem Gosta? E por quê?""O que as histórias em quadrinhos representam para você?", com seus respectivos prêmios:

1º LUGAR:

"Embora tenha adorado a série de matérias Os Dez Acontecimentos Que Mais Marcaram as Histórias em Quadrinhos na Década, pelas discussões que criaram e pelo assunto abordado, me interessei bastante pela Quadrinhos, Literatura e Ensino.


Foi contraposto brilhantemente as críticas do editor Luís Antônio Giron, apontando a necessidade de investimento no setor da educação no Brasil, infelizmente ainda muito precário, e em como as mudanças ocorridas ao longo do século XX/XXI trouxeram a necessidade de revermos a qualidade do ensino e como este deve ser transmitido ao aluno.

Afinal, a base da educação é a leitura. É a partir dela e da prática que advém posterior a ela que descobrimos quem somos. E na relação quadrinhos x clássicos da literatura, um não exclui o outro. O investimento crescente do PNBE não deve ser traduzido como uma substituição da literatura pelos quadrinhos, mas como um investimento em outra mídia, que serve como acessório, como produto complementar, para ampliar o gosto pelo ato de ler e auxiliar também no ensino de outro tipo de leitura: a visual, a imagética."

***

"Raramente encontramos amigos para a vida toda. Os quadrinhos, para mim, são uma exceção a essa realidade. Eles estavam no momento que eu comecei a aprender a ler (até muito antes disso) e tenho certeza que estarão comigo, independente do formato que porventura terão, até minha morte.



Quando criança, foi a arte seqüencial, aliada a minha criação, que ilustrou a premissa que a boa índole importa. Que, mesmo fictícios, bons exemplos devem ser seguidos. Que a criatividade pode ser uma ótima ferramenta para se defender e crescer como pessoa, já que, assim como um certo kryptoniano de capa vermelha, eu também podia voar. Não entre edifícios e nuvens, mas por entre idéias e criações próprias.

A arte seqüencial foi minha companheira de Ensino Médio e faculdade, entre trabalhos acadêmicos sobre o assunto e conversas com amigos. Ela me fez querer ser um profissional de editora, porque foi a partir do cheiro do papel da revista que eu amei o papel do livro. Foi pela diagramação de uma página, que eu me apaixonei pela construção da obra e quis participar da produção daquele objeto específico, almejando dedicar uma vida profissional inteira para aquilo.


Há mais de 20 anos, a deliciosa sensação de encontrar uma edição nova na banca ou vislumbrar um título interessante na livraria não mudou nem um pouco. Ficou intacta. Aliás, crescerá e se expandirá, porque, quando apresentar esse mundo para meu sobrinho e, futuramente, para meus filhos, ela tomará nova importância.

Talvez seja por isso que os quadrinhos representem tanto para mim. Eles me lembram quem eu fui, quem sou e quem eu pretendo ser. E por isso, agradeço."

(Victor Almeida)

Prêmio: Livro "Quadrinhos e Arte Sequencial", de Will Eisner, da editora Martins Fontes.


2º LUGAR:

"A Miscelânia de Culturas e o Contato entre as Identidades nas Obras do Corto Maltese.
Nesse texto, temos a oportunidade de reconhecer a força das histórias em quadrinhos e a sua importância como forma de arte, ainda que muitos relutem em assumir este fato.


Um breve relato histórico inicial trata da evolução da caracterização de culturas na ficção, sob o ponto de vista de seus autores e do período histórico em que realizaram sua obra. É possível perceber que as HQs, assim como qualquer outra forma de arte, são um retrato das ideias e concepções vigentes na sociedade de uma certaépoca.


Sim, um retrato, pois captura o momento, representa uma visão de mundo predominante naquela época entre indivíduos daquele meio social. Dessa forma, um retrato pode perder a cor, ficar desbotado, porém sempre será uma representação de um dado momento em algum lugar.


As histórias em quadrinhos experimentam um processo análogo. Durante décadas, incontáveis ideias acerca da miscelânea de culturas vigente em nosso mundo real foram transpostas para o papel. Com o passar tempo, uma ampliaçãodo conhecimento sobre a diversidade de costumes e tradições históricas fez comque certas concepções, as quais em sua épocaeram amplamente difundidas, adquirissem um caráter antiquado.


Como o texto muito bem demonstra, este amadurecimento cultural teve um importante personagem-símbolo: Corto Maltese.


Hugo Pratt, a partir de suas próprias experiências de vida, soube criar um personagem multicultural, um dos últimos românticos, capaz de “navegar” sobre as retrógradas questões culturais anteriormente predominantes no campo dos quadrinhos. Um exemplo do futuro homem globalizado e cidadão do mundo, disposto a conhecer e compreender o desconhecido.


Muito à frente de seu tempo, Corto é movido pelo espírito aventureiro em jornadas que o levam “sempre um pouco mais distante”, além dos horizontes previamente estabelecidos pelo homem. O personagem participade importantes acontecimentos sem nunca abrir mão de suas convicções, mas sendo capaz de respeitar e se fascinar com a riqueza da multiculturalidade humana."

***

"Com os quadrinhos, viajei por inúmeros lugares com Tintin e Corto, enfrentei o crime com o Homem Aranha e Spirit, tomei poção mágica para combater os romanos neuróticos, caminhei nas trevas ao lado de Batman, viajei pela galáxia com o poder do Incal, persegui Jack Estripador, estive na Nova York dos gângsteres, conheci uma espécie de homem-lobo... Enfim, foram tantas aventuras e ainda há tantas por vir que me sinto na obrigação de mandar aqui um ‘muito obrigado’ a diversos autores e desenhistas que foram capazes de me tornar um indivíduo melhor e ainda capaz de sonhar e se maravilhar com o que está ao seu redor, tal como aquele menino ainda analfabeto que um dia eu fui, muitos anos atrás, ao folhear os álbuns de Tintin."
(Luiz Felipe Modesto)

Prêmio: Livro "Cultura Pop Japonesa: Mangá e Animê", organizado por Sonia Bibe Luyten, da editora Hedra + Livro "Corto Maltese: A Balada do Mar Salgado", de Hugo Pratt, da editora Pixel.

3º LUGAR:

"Minha matéria favorita é "Eisner, Pioneiro Eterno"(quarta-feira, 15 de abril de 2009).
É minha preferida por ser a matéria pela qual descobri o blog, que me ajudou muito em meu trabalho de conclusão de curso da faculdade, que teve como tema os Quadrinhos."

***

"Os quadrinhos são fonte de inspiração em meu trabalho e em minha vida. É muito motivador ver os trabalhos de quadrinistas brasileiros sendo reconhecidos e premiados no mercado estrangeiro. Isso reflete em meu trabalho e me dá vontade de inovar e sempre buscar novos meios de me aprimorar."

(Matheus Dix)

Prêmio: DVD "Grandes Astros: Superman" + DVD "Hulk vs."

Para os vencedores, será enviado, nos próximos dias, um e-mail de contato para pegar seus endereços certos, para que os prêmios possam ser enviados para cada um de vocês na comodiade do seu lar através do correio. Aguardem o contato e meus mais sinceros parabéns.

Para todos, fica mais uma vez reforçado o agradecimento por todo esse tempo em que compartilhamos dessa grande paixão pela nona arte. Que venham ainda muitos aniversários pela frente, e os quadrinhos possam, passo a passo, ir em direção ao reconhecimento que tanto merecem" Obrigado a todos!

domingo, 11 de setembro de 2011

Bienal: Onze Tomos de Uma Grande Saga

Por Gabriel Guimarães
 

Parte do estande da editora
Leya, dedicado ao selo
 de quadrinhos, Barba Negra

E mais uma edição da Bienal do Rio de Janeiro chega ao fim. Após 11 dias de atividade intensa nos três pavilhões do Rio Centro, a feira literária que atraiu centenas de milhares de brasileiros, tanto cariocas, quanto visitantes de outros estados e países, confirmou seu significado cultural e permitiu um aumento na procura do público por material de leitura assombroso. Uma vez que o dia-a-dia do evtno foi bastante marcado pela presença ilustre de diversos autores renomados e excelentes discussões sobre o papel dos livros na vida das pessoas, o dia de encerramento não foi diferente.

Desde a manhã contando com a presença de grandes quadrinistas como Rafael Sicca, Tiago Lacerda, Lourenço Mutarelli, Rafael Coutinho, André Dahmer e do editor Lobo, da editora Barba Negra, que participaram de uma mesa de debate sobre o cruzamento de linguagens nas histórias em quadrinhos, a Bienal teve um dia bastante animado, agregando o público inesperadamente abaixo das expectativas para o derradeiro dia.

Parte dp estande da Ediouro ficou
dedicada ao grupo da Luluzinha,
tanto a versão clássica quanto a jovem
Uma vez que ao final do fechamento dos portões, o evento teria fim, muitos estandes de editoras e livrarias decidiram oferecer descontos consideráveis a quem procurasse seus produtos, dentre os quais, os destaques ficam para a Cosac Naify, com 40% de desconto, e o Grupo Editorial Ediouro, a 50% do custo. Dentre os outros pontos positivos do dia, ficam o estande da editora Melhoramento, com um material que unia de forma interessante a linguagem dos quadrinhos com o texto corrido tradicional da literatura, nos livros da série "O Clube da Faixa Preta", e a plataforma especial montada pela Fundação Biblioteca Nacional, que possuía no seu interior dispositivos de leitura a partir da leitura de movimento do leitor em larga escala, algo que animou muito os que estavam presentes nele.

No dia que marcou uma década do acontecimento que mudou o rumo das sociedades ao redor do mundo inteiro, o evento também não passou despercebido, com edições memoriais dispostas nos estandes, como "À Sombra das Torres Ausentes", de Art Spiegelman, e os dois volumes importados de "11-9", publicado com histórias variadas de artistas americanos remetendo o acidente com as torres gêmeas, o qual custou a vida de quase 3 mil pessoas honradas e cuja memória merece ser lembrada.

Para o restante do dia, também houve bastante atividade nos estandes visitados pelo padrinho dos quadrinhos brasileiros, Maurício de Sousa, com seu fiel escudeiro e gande amigo, Sidney Gusman, e excelentes ofertas nos estandes das já elogiadas Comix, Devir e Panini, que permaneceram completamente lotadas e tiveram um alto rendimento em número de vendas, dentre os quais, o aumento de 50% da primeira, em relação à edição da Bienal de 2009.

Para concluir, toda a Bienal foi algo que não apenas passará, mas permanecerá para sempre na lembrança dos que verdadeiramente se permitiram viver as experiências lá disponibilizadas. Foi um grande encontro, mais do que uma feira comercial, um ambiente de amizade, mais do que um centro de negócios. Os estandes podem estar começando a ser desmontados neste instante, mas isso é apenas momentâneo. Em breve, haverá mais, pois sempre há um amanhã, que é construído com o suor, as lágrimas e os sorrisos que damos hoje. A vida continua, mas são esses momentos que a transformam em algo mais do que apenas uma série de acontecimentos, mas sim um lar de memórias.

sábado, 10 de setembro de 2011

Bienal: Nota 10

Por Gabriel Guimarães


Em um dos dias que surpreendeu pelo número de visitantes, bem acima do esperado, a 15ª edição da Bienal foi uma oportunidade realmente incrível para a integração do público de quadrinhos. Começando antes mesmo de abrir seus portões a público, com as matérias publicadas no jornal "O Globo", em que foi destacado o interesse da loja de produtos relacionados para a arte sequencial Comix em abrir uma filial no Rio de Janeiro, a feira literária foi muito positiva para quem esteve presente, e com certeza rendeu excelentes aquisições e experiências para todos.

Carlos Ruas autografando seu livro
no estande da Devir
Desde cedo com ilustres convidados como Maurício de Sousa, que autografou em diversos estandes, inclusive novamente com Ziraldo na editora Melhoramentos; Carlos Ruas, autor das tirinhas "Um Sábado Qualquer", que estava assinando seu livro no estande da Devir, que esteve bastante cheio hoje; Estevão Ribeiro; e o já citado Ziraldo, o evento abrangeu uma quantidade considerável de nuances e temas, permitindo uma integração muito boa com os leitores.


Entrada da Livraria São Marcos
Nos estandes em si, o destaque fica para os descontos em vários deles, dentre os quais, o da editora Leya, da qual o selo Barba Negra faz parte, com todos os seus livros 30% mais baratos, dentre os quais, o bom "Morro da Favela", do quadrinista André Diniz; o estande da Livraria Francesa, com 50% de desconto, e cujo material inclui desde obras de Moebius até material produzido em mangá na França; e a Livraria São Marcos, com descontos extremamente convidativos, além dos bons materiais disponibilizados, como a proposta em formato peculiar, porém, interessante, "O Cabra", feito pelo brasileiro Flávio Luiz, que esteve à venda no estande da Comix, e as edições de clássicos dos periódicos americanos do começo dos quadrinhos enquanto meio de comunicação de massa, tais como "Terry and the Pirates" "Flash Gordon".

O dia antecedeu o gran finale deste grandioso e intenso evento, que apesar de ter sido bastante desgastante pela quantidade de pessoas presentes e a quantidade de estandes para serem observados, foi um grande marco para atrair mais atenção para o reconhecimento das histórias em quadrinhos enquanto forma de estímulo intelectual, o que pode render muitos bons frutos para os admiradores da nona arte. Continuamos torcendo para que essa percepção se expanda para quebrar esse preconceito ainda existente com a arte sequencial.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Bienal: Parte Nove

Por Gabriel Guimarães


Para dar início ao final de semana que encerrará a 15ª edição da Bienal do Rio de Janeiro, o dia trouxe um acervo de autores e envolvidos com projetos literários para todos os gostos. Fosse a presença do americano William P. Young, autor do livro "A Cabana", ou o retorno de Thalita Rebouças aos estandes, com sua diversa lista de títulos publicados, o dia reservou algumas surpresas e bons momentos aos que estiveram no Rio Centro.

Ronaldinho Gaúcho com Maurício de Sousa
Um dos fatos que mais se destacou no dia, porém, veio do estande de quadrinhos da editora Panini. Para promover ainda mais a série mensal do personagem Ronaldinho Gaúcho, produzida pelos estúdios de Maurício de Sousa, o próprio jogador participou de uma agitada tarde de contato com os leitores mirins, sendo aclamado por todos os que estavam presentes nas excursões de colégios do dia. Junto dele, o grande padrinho dos quadrinhos brasileiros, Maurício em pessoa. Uma vez que o pequeno personagem de quadrinhos "cara-metade" de Ronaldinho fora lançado numa época em que o jogador ainda atuava na Europa, o evento hoje permitiu que, enfim, ele pudesse se entrosar com o seu público carioca e brasileiro, em geral. Muito populares entre os mais jovens, o pequeno e o grande Ronaldinho proporcionaram uma enorme festa para todos, que tiveram uma tarde para não ser esquecida.

Dentre os outros elementos que chamaram a atenção, ficam os bons descontos oferecidos ao longo do dia em diversos estandes em todos os pavilhões, além da oferta de muitos gêneros de quadrinhos, desde os livros de Tintin, do quadrinista belga Hergé, até Sandman, obra máxima do britânico Neil Gaiman, em vários pontos do evento. Para quem procurar com afinco, há muitas oportunidades de encontrar bons quadrinhos e o evento ainda promete render bastante positivamente nesses últimos dias.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Bienal: Oito é Demais (?)

Por Gabriel Guimarães


No dia depois do grande feriado, o movimento esteve bem mais tranquilo nos estandes do Rio Centro, na medida do possível, uma vez que muitos colégios estiveram presentes hoje para levar seus alunos para o imenso e maravilhoso mundo da literatura, neste dia que é o dia internacional da alfabetização. A fim de estimular esse aprendizado, foi possível encontrar muitos livros com desconto e várias adaptações para os quadrinhos dos grandes clássicos, como "Sherlock Holmes", de sir Arthur Conan Doyle, "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll, e "O Alienista", de Machado de Assis (o blog já fez uma matéria para explorar essa relação entre a cultura da leitura e os quadrinhos aqui).

Com tantos jovens entre o público, ficou clara a preferência ao longo do dia pelos etandes que ofereciam material com atividades extras a preços mais em conta, e isso foi u dos destaques do dia. Rumando para os últimos dias do evento, alguns estandes começaram a realizar descontos maiores e promoções mais atrativas, a fim de estimular novamente o público a conhecer seus materiais. A editora Cosac Naify, que já publicou poesia em quadrinhos e que também foi a responsável por relançar os volumes escritos pelo bom autor argentino Adolfo Bioy Casares nos últimos anos, dentre os quais, "A Invenção de Morel", livro essencial para os fãs de ficção científica, é uma das editoras que está oferecendo preços bem mais acessíveis, com cerca de 30% de desconto nos livros de seu estande.

Mesmo nos estandes de menor porte, foi possível encontrar boas ofertas, atraindo assim muitos dos pequenos e grandes leitores. Desde mangás até graphic novels, a diversidade de quadrinhos oferecidos foi grande e a procura foi positiva, rendendo bons comentários dos funcionários dos estandes.

Amanhã, a cobertura da 15ª edição da Bienal do Rio de Janeiro continuará a toda, na esperança de estar podendo trazer a todos vocês, leitores, o panorama mais preciso de tudo envolvendo a arte sequencial que está acontecendo ao longo desses seus onze dias de realização. Boa leitura para todos!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Bienal: Sete Dias

Por Gabriel Guimarães


Como previsto, o dia de hoje na 15ª edição da Bienal do Rio de Janeiro foi marcado pela quantidade de pessoas que visitou os pavilhões do Rio Centro. Excedendo em muito o número de visitantes dos outros dias, foi bastante difícil conseguir encontrar o espaço necessário para saborear o evento, porém, isso não foi impossível.

Desde a manhã com filas enormes tanto dentro quanto fora do evento, o dia marcou um forte estímulo à leitura, com a presença de autores ilustres como Laurentino Gomes e Ziraldo, e, nem de longe, foi um dia que se limitou à super lotação que o caracterizou. No estande da editora Singular, parte da editora Ediouro, por exemplo, ocorreu o lançamento do livro "Reféns", escrito por Rafael Neves, que conseguiu ter uma boa recepção do público e uma boa troca entre o autor e seus leitores. A presença do padre Marcelo Rossi, também, foi outro acontecimento que movimentou muito vários grupos de pessoas que haviam ido à Bienal para o encontrar, e foi um fato marcante no dia.



Volumes presentes no estande da Editora Francesa

Para os quadrinhos, fica o impressionante acervo que a Editora Francesa ostenta em seu estande, com muitos livros clássicos de quadrinhos, em especial, muitas obras de Moebius, e alguns dos livros do gaulês Asterix, criado por Gosciny e Uderzo. Os livros, entretanto, estão em francês, mas ainda assim, valem uma visita e uma demorada folheada pelas suas belas páginas e acabamento de primeiro nível. No estande da editora Luz & Vida, a arte sequencial também ganhou destaque através do mural do Smilinguido, onde os personagens de quadrinhos infantis puderam ser bem lembrados pelo público que passou à sua frente para tirar fotos.

O mural do Smilinguido fez bastante
sucesso entre os visitantes

O público da nona arte hoje marcou hoje bastante presença, e os estandes voltados exclusivamente para o meio ficaram abarrotados de pessoas por todos os lados, ainda que suficientemente sob controle para que todos pudessem procurar todas as edições que estavam procurando.

A partir de agora, começam os últimos dias desse grande evento que é a Bienal, porém, ainda há muito que se falar dele, sem dúvida. Para o porvir, resta apenas aproveitar e torcer para novos bons dias para os quadrinhos nessa imensa feira literária, capaz de atrair tantos potenciais leitores.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Bienal: Capítulo Seis

Por Gabriel Guimarães


Os pavilhões do Rio Centro foram hoje cenário de algo que tem faltado muito para a formação da juventude nos dias atuais: um exemplo de vida. No estande da editora Novo Conceito, aconteceu o lançamento do livro "Uma Vida Sem Limites", escrito a partir das experiências do americano Nick Vujicic. Nascido sem pernas e nem braços, ele se tornou um dos grandes exemplos de superação da atualidade, ao usar sua vida para demonstrar que não há limites físicos que possam limitar de verdade o espírito humano quanto a até onde pode chegar, se assim tiver vontade. Apesar de o dia não ter tido tanto público quanto deveria para um acontecimento desse nível de importância, o testemunho de Nick pôde ser observado por muitas crianças, que estavam andando pelos pavilhões em excursões escolares, e não existe nada mais essencial que isso.

É através desses exemplos de vitória que o artista brasileiro precisa se inspirar, que o fôlego na luta pelo reconhecimento dos quadrinhos enquanto meio de comunicação e obra de arte se renova, e, portanto, não poderia, nem deveria, ficar de fora da cobertura da 15ª edição da Bienal do Rio de Janeiro.

Para os outros destaques do dia, vale comentar que a editora Taschen está com uma luxuosa cópia lacrada do livro "75 Years of DC Comis: The Art of Modern Mythmaking", escrita pelo editor da DC, Paul Levitz (e que já foi comentada aqui no blog antes, na matéria sobre a reformulação do universo DC), que atrai olhares de todos os que passam por ali. Entre os outros estandes, continua o sucesso da Comix e da Panini e a quantidade considerável de estandes com revistas a preços bastante acessíveis, a fim de instigar novos leitores.

O dia foi tranquilo, como uma calmaria antes da chuva. Amanhã, o Rio Centro promete estar mais lotado do que em todos os dias anteriores, em decorrência do feriado, e com certeza, haverá muita atividade por lá. Aguardemos para ver o que o dia de amanhã reserva para a nona arte.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Bienal: O Quinto Elemento

Por Gabriel Guimarães


A Bienal hoje viveu um pouco de calma após o final de semana tão agitado. Houve mais tempo para que os profissionais lá empregados tomassem o fôlego necessário para manter a atenção nos visitantes e, assim, poderem ajuda-los em suas jornadas.


Estande grande da editora V&R
dedicado ao "Diário de um Banana"

Estandes como o da editora Vergara & Riba (mais popularmente conhecida como V&R Editores), focado na obra "Diário de um Banana", que já foi premiado com o Eisner Award, chamaram muito a atenção, e produziram bons comentários por parte do público, tanto dos jovens quanto dos recorrentes leitores da série de livros. Inclusive, quanto à história, já está sendo finalizada a produção do segundo longa metragem baseado nela e, em breve, estará disponível nos cinemas ao redor do Brasil.

Entre os demais destaques do dia, fica uma observação para a carência que o ambiente do Rio Centro tem, em relação à conectividade dos aparelhos eletrônicos. Para um evento do porte internacional que a Bienal é, mostra-se absolutamente necessário que exista uma rede wireless disponível para os usuários utilizarem nos pavilhões, assim podem trocar informações sobre o evento e pedir ou receber informações sobre o que está acontecendo nos estandes de seu interesse. Os setores das editoras voltados para a distribuição de informação e por criar uma via de comunicação com os leitores deveriam tomar alguma providência quanto a isso, que tem sido um incômodo considerável para muitos.

Ademais, o dia teve o lançamento do terceiro volume da série de livros "Como Treinar Seu Dragão", pela editora Intrínseca, que foi algo bastante interessante para os que estiveram presentes. Uma vez que foi adaptado pela Dreamworks para um filme de animação em 2010, a história ganhou muitos admiradores, e tem gerado bons rendimentos para os responsáveis por sua publicação.

Versão Go-go da pequena Mônica
Outro material que tem rendido ótimo retorno é a nova série de bonecos Go-gos da Turma da Mônica, que já estão sendo colecionados por crianças de todas as idades, dos 8 aos 80 anos, e tem praticamente voado para fora do estande da Panini e das bancas de jornal que já estão com esse material disponível para venda.

O ambiente continua muito interessante e demonstra estar se preparando para o dia em que deve receber o maior número de visitas de todos os dias do evento, a quarta-feira, dia 7 de setembro, no feriado do Dia de Indepência do Brasil. Muitos dos que não foram até o momento para conferir as atividades nessa 15ª edição da Bienal no Rio de Janeiro estão apenas aguardando a chegada do grande feriado para fazê-lo, e esse dia, meus caros leitores, promete ser o mais agitado de todos. Aguardemos para ver.

domingo, 4 de setembro de 2011

Bienal: Episódio 4 - Uma Nova Esperança

Por Gabriel Guimarães


Em meio ao dia de maior potencial de visitas até agora da 15ª edição da Bienal do Rio de Janeiro, muitas famílias e profissionais do meio aproveitaram seu domingo para caminhar pelos corredores do Rio Centro e conferir a grande feira literária que estava se dando. Por essa razão, os estandes hoje estiveram verdadeiramente lotados. A Comix precisou de fila para que houvesse apenas um número razoável de pessoas no seu interior por vez, e a Panini precisou fechar de tempos em tempos as entradas para que todos os clientes pudessem ser atendidos. Com tanta agitação assim, o dia parece ter sido difícil, mas não foi, nem um pouco.

Livro produzido pela
parceria inédita entre Ziraldo
e Maurício, lançado hoje

Hoje, para a alegria de seus milhares de leitores presentes, o padrinho dos quadrinhos brasileiros, Maurício de Sousa, esteve autografando quase ininterruptamente seus lançamentos em muitos estandes, como os das editoras Ave Maria, Panini e Melhoramentos. Fosse a edição "Minha Primeira Bíblia da Turma da Mônica", "MSPnovos50", ou então o livro que foi uma inédita parceira sua com o cartunista carioca Ziraldo, "O Maior Anão do Mundo", Maurício atendeu a todos os presentes que haviam recebido as senhas necessárias nos estandes antes do início das sessões, o que trouxe uma alegria sem medidas a cada um.



O pequeno Maurício,
atrás do grande Maurício

Mesmo com a presença de ilustres convidados, como a atriz e cantora americana Hillary Duff e os repórteres âncoras do Jornal Nacional, Fátima Bernardes e William Boner, o nome mais falado em quase todos os estandes foi o de Maurício de Sousa, o que ficou perceptível para qualquer um dos visitantes do evento. Uma vez que seu material pode ser encontrado em bancas de livros na maioria das editoras, como a L&PM ou a Globo, e suas revistas hoje representam 85% das vendas da editora Panini, esse reconhecimento e admiração são totalmente justificados. O público hoje teve chance de mostrar seu carinho por Maurício, e este, defnitivamente, mostrou seu imenso carinho por todos os seus leitores, proporcionando momentos inesquecíveis para muitos.

Entre os destaques do dia, também estão a editora Babel, que está com um material voltado para o público mais novo com personagens como o Capitão América e o Homem-Aranha em seu estande, e o volume de pessoas nas praças de alimentação do evento, que deram uma boa imagem geral do contingente de visitantes no dia.

O primeiro fim de semana dessa edição da Bienal chega ao fim, mas as memórias de seus acontecimentos marcantes ficará para sempre nas mentes e corações dos que puderam saboreá-lo. Ao longo dessa semana, haverá muito mais acontecendo, e novas oportunidades surgirão para aproveitar toda essa produção voltada à literatura, ensino e enriquecimento cultural. Cabe apenas a nós querermos aproveitá-las.

sábado, 3 de setembro de 2011

Bienal: A Trilogia

Por Gabriel Guimarães


No primeiro sábado desde o início da 15ª edição da Bienal do Rio de Janeiro, a palavra do dia parece ser "especial". Muito agitada desde a manhã, com a presença de grandes nomes do mercado literário como Thalita Rebouças e Ferreira Goular, a feira atraiu muitas famílias e o clíma esteve mais leve do que no dia anterior. Com a imensa diversidade nos estandes, os gostos de todos puderam ser saciados, tornando o dia uma experiência bastante prazerosa.


Ziraldo esteve autografando
vários livros em vários estandes
Não foi, porém, apenas para o público de livros em geral, que grandes nomes estiveram presentes. A Bienal hoje contou com uma excelente safra de profissionais dos quadrinhos, que atenderam seu público com uma primazia que merece um destaque aqui no blog. Com nomes como Maurício de Sousa, Ziraldo, Fábio Moon, Gabriel Bá e Estevão Ribeiro, o dia foi bastante cheio e movimentado. O padrinho dos quadrinhos brasileiros e criador da turminha da Mônica esteve em uma quantidade impressionante de estandes, autografando e tirando fotos com centenas de seus leitores, que puderam sentir de perto a bondade desse profissional tão querido. Quase ininterruptamente, Maurício foi de um estande para o outro, sempre preocupado em não deixar as filas de fãs e admiradores sem resposta. Todo esse cotnato que ele tem com o público é talvez o maior diferencial na sua personalidade em relação a tantos que alcançam o sucesso e esquecem suas origens.


Estevão Ribeiro, em frente
a seu personagem, autografa
no estande da Saraiva
Os estandes estiveram também lotados de leitores ávidos pelas revistas e livros de arte sequencial e novamente o bom atendimento e a consideração com o público foi o grande diferencial. Por mais que isso tenha sido dito nas matérias anteriores, a sua importância requere que seja repetida, pois trata-se de um fator fundamental para um evento do porte que é a Bienal, que atrai milhares de pessoas todos os dias para os seus largos pavilhões.

Ao longo do dia, também aconteceram sessões de autógrafo que atraíram muito o público, como o do livro "O Livro dos Gatos" e a coletânea de tiras dos "Passarinhos", feitos pelo carioca Estevão Ribeiro, que atendeu a todos que compareceram de forma bastante receptiva no estande da Saraiva. No estande da Panini, que foi dominado hoje pelas imensas filas para os caixas, houve o lançamento da HQ "Daytripper", dos gêmeos Moon e Bá, que também causou uma movimentação bastante agitada por parte do público (e cuja presença hoje lá foi emocionalmente descrita pelos próprios, em seu blog 10 Pãezinhos).

Os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá
autografaram muitos exemplares
no estande da Panini
O dia foi muito especial, pela presença de grandes figuras do mercado editorial brasileira, e ainda acima disso, das grandes pessoas que são essas figuras. Para quem esteve lá, ficou o sentimento bom de um momento que valerá sempre a pena lembrar, e que conseguiu um espaço bastante especial nos nossos corações. O caloroso encontro com Sidney Gusman, grande responsável pela produção dos três volumes do MSP50 (cuja estratégia de divulgação para a terceira parte foi analisada aqui no blog), foi talvez um dos melhores momentos do dia, e refletiu o quão agradável tem se mostrado essa edição da Bienal.


Tem sido um imenso prazer para os presentes esse evento, e os dias por vir demonstram bastante potencial para repetirem esse sentimento. Desde já, fica uma nota para agradecer a todos os responsáveis por esses momentos tão importantes. Amanhã tem mais!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Bienal: Segundo Dia

Por Gabriel Guimarães


No segundo dia da 15ª edição da Bienal do Rio de Janeiro, para antecipar como o evento deve estar durante o fim de semana, o público esteve muito mais presente do que na abertura. Com muitas escolas fazendo excursão de suas turmas para a grande feira literária, a faixa jovem predominou nos estandes e gerou uma alta movimentação entre os representantes da arte sequencial.

Estantes de quadrinhos
no estande da Cia. das Letras
Além dos três estandes mencionados antes, que hoje novamente foram destaques pelo bom atendimento e pelos preços surpreendentemente convidativos, os quadrinhos também estiveram presentes nas áreas destinadas a algumas editoras e às lojas de grande porte. Editoras como a Companhia das Letras, cujo trabalho com quadrinhos no seu selo "Quadrinhos na Cia" (que já foi abordado aqui no blog antes), vem recebendo cada vez mais elogios, e a ainda caloura no mercado editorial brasileiro, Nemo, foram algumas das que tiveram boa receptividade do público da nona arte.

No estande da Companhia das Letras, há duas estantes apenas com quadrinhos, de gêneros extremamente diversificados e com plena condição de atrair o público, porém, os preços não se modificaram em nada, e o ambiente acaba se tornando apenas mais uma livraria comum, infelizmente. A quantidade disponível de conteúdo, entretanto, vale a pena ser conferida.

Volume de Arzach publicado
pela editora Nemo
Já a editora Nemo, que iniciou seus projetos no país lançando a obra "Arzach", do artista francês Jean Giroud, mais conhecido por seu pseudônimo artístico Moebius, recebeu muito bem o público, porém, por questões de problemas com a impressão, ficou sem condições de realizar o lançamento de sua próxima obra, que é aguardada de forma ansiosa pelos leitores,: "Corto Maltese: Juventude", de Hugo Pratt, volume este que não chegou a ser publicado pela antiga editora que detinha os direitos sobre o personagem marinheiro, a editora Pixel. O lançamento, porém, está previsto para o mês que vem, e ainda vale ser analisado de perto. O tratamento que está sendo dado pela editora ao material das histórias é algo que merece uma menção e um devido reconhecimento aqui, também.


Quanto aos demais estandes e os acontecimentos do evento no dia, vale destacar a confirmação da sessão de autógrafos que acontecerá no dia 11 com o escritor Eduardo Spohr, autor dos livros "A Batalha do Apocalipse" e "Filhos do Éden" e participante ativo na comunidade da cultura nerd através do Nerdcast feito pelo site Jovem Nerd. Para os que estiverem presentes, será uma grande oportunidade para conhecer o autor, que está em ascenção no momento do mercado. Outro fato que chamou a atenção hoje foi que, após apenas um dia liberado para venda, o volume especial publicado pela Panini da HQ "Daytripper", feita pelos gêmeos paulistanos Fabio Moon e Gabriel Bá, já esgotou, e só estará disponível para os interessados amanhã, próximo à hora em que os dois autores estarão presencialmente lançando seu material no estande.

Enfim, foi mais um dia de resultados positivos para os que estiveram presentes no evento, e amanhã, com certeza, trará muitas outras boas notícias. Fiquem de olho, pois ainda tem muita Bienal para acontecer pelos dias adiante!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

E A Bienal Tem Início!

Por Gabriel Guimarães

Hoje, teve início a 15ª edição da Bienal literária na cidade do Rio de Janeiro, realizada nos três pavilhões do Rio Centro, localizado entre o bairro da Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes. Focado na criação de um ambiente voltado para a leitura e o estímulo de evolução acadêmica, o evento está com uma quantidade considerável de estandes, ocupados desde editoras de renome internacional como Ediouro e Record até lojas de livrarias, como Saraiva e Livraria da Travessa, e pequenos sebos, localizados ao longo de vastas fileiras, com ofertas específicas que podem chamar a atenção dos visitantes.

Inaugurada na tarde da tarde, a imensa feira de livros passou por um momento de certa preocupação e tensão, uma vez que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ao estar presente para a abertura dos portões e para participar de debate no Espaço Mulher e Ponto do evento, foi ostilizada por estudantes descontentes com a situação da educação no país (questão que já foi discutida antes aqui no blog, também). O quadrinista Ziraldo, presente nesse momento da confusão, acabou se tornando personagem da polêmica, ao entrar em conflito com alguns dos jovens por estes não permitirem sua entrada no auditório onde Dilma estava.

Os ânimos, porém, se acalmaram com o passar do tempo, e o evento, enfim, pôde voltar ao seu foco inicial,: a leitura e o enriquecimento cultural. Com mesas de discussão, onde estavam presentes grandes nomes do meio editorial, como o autor, editor e professor da UFRJ, Paulo Roberto Pires, o evento abordou muitas questões importantes, como o papel da crítica e a o papel da literatura culinária nos dias atuais.

Para o público admirador da arte sequencial, há, também, uma série de fatores estimulantes e extremamente animadores. Os estandes das editoras Panini e Devir, e o da loja Comix, em especial, são excelentes pedidas capazes de levar qualquer leitor de quadrinhos ao êxtase. Em primeiro lugar, os novos lançamentos, que serão devidamente apresentados ao público pelos seus autores posteriormente, como o MSP novos 50 e o Daytripper, já estão disponíveis e com descontos convidativos. A Panini, inclusive, está com dois estandes extras ao seu principal com apenas o tema da turma da Mônica, um no primeiro pavilhão voltado para a venda de assinaturas das revistas da turminha e de sua versão teen (que já foi analisada aqui no blog antes), e outra mais para crianças, numa forma de estimular a leitura da juventude. Vale a pena conferir.

Ainda no estande da Panini, não há como ficar sem comentar das duas estátuas em tamanho real expostas, com os personagens Lanterna Verde e Homem de Ferro, muito bem detalhados e que atraem muitos olhares e flashes de câmeras. Outra boa notícia é que também já foi disponibilizada para venda os bonecos da série Go-gos da turma da Mônica, que será, com certeza, uma febre entre os mais novos, que estavam bastante excitados com a quantidade de revistas postas nas prateleiras.

No estande da Devir, há melhoras em relação à última Bienal, quando seus produtos possuíam um preço um tanto caro e, por essa razão, acabou afastando seu público-alvo em potencial. Este ano, os produtos importados ainda são o grande destaque da editora paulista, porém, o excesso na cobrança foi amenizado, e o atendimento dos representantes presentes no estande melhorou muito, a ponto de chamar a atenção de quem estava lá presente.

No estande da Comix, entretanto, é que se encontrava a maior diversidade de quadrinhos disponíveis para os aficcionados pela nona arte. Também contando com um ótimo tratamento ao visitante e com descontos espetaculares em alguns ítens, que recomendo muito para serem conferidos, a loja realmente surpreendeu, mantendo o nível da última edição do evento no Rio de Janeiro. Para encontrar livros teóricos e de estudo de quadrinhos, inclusive, aqui é o seu lugar.

O dia de abertura, por se tratar de um dia de meio de semana, acabou não atraindo tanto público quanto o fim de semana certamente trará, porém, o gostinho desse grande e maravilhoso evento literário já ficou na boca de quem esteve lá presente, sem querer fazer referência às dicussões sobre livros culinários que aconteceu ao longo do dia. Que venham mais dias assim e ótimos rendimentos em termos de cultura para todos que puderem conferir!