Por Gabriel Guimarães
Caros leitores, sei que passei muito tempo ausente, sem postar nada de novo aqui no blog, e lhes peço desculpas por isso. Para compensar esse vacilo, deixarei aqui com vocês o meu diário do 1º evento internacional da nossa grande paixão, as histórias em quadrinhos, aqui no Rio de Janeiro em cerca de 17 anos, a Rio Comicon!
Sendo realizada na antiga estação de trêns da Leopoldina, relativamente próxima à rodoviária, o evento faz parte de um projeto de revitalização da área, e contará com a participação de ilustres quadrinistas, tanto do âmbito nacional quanto de cunho internacional. Alguns dos nomes para deixar com água na boca são os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, Rafael Coutinho, Rafael Grampá, Kevin O'Neill e Milo Manara. Só por isso, vocês já podem imaginar como o evento atrairá os olhares de quem gosta tanto da nona arte.
Pois bem, o evento começou hoje, dia 9 de novembro, e vai ser realizado até domingo dia 14, com encerramento de chave de ouro homenageando os mais diversos artistas, inclusive o nosso grande representante mundial, Maurício de Souza.
Hoje, o evento ainda não mostrou tudo a que veio, na incerteza dos visitantes que atrairia, que não chegaram a encher o grande salão da estação, porém, muita gente boa deu as caras por lá.
Estive lá desde antes da abertura às 13h, e pude ver como a estrutura do lugar estava funcionando. Há uma seção imensa construída para expôr o trabalho do italiano Milo Manara logo na entrada, cujo portão de entrada é em forma de um buraco de chave da porta, aludindo a uma das obras mais renomadas do grande nome dos quadrinhos eróticos, "Click!". Não entrei lá ainda, pois fiquei muito ocupado conhecendo o lugar todo e participando das oficinas.
Voltando quanto à estrutura: Há estandes espalhados pelas laterais do lugar, com sebos e editoras de quadrinhos independentes, como a ilustre Quarto Mundo, vendendo seus materiais, de um lado, e estandes com produtoras e disponibilizadoras de cursos, como o estúdio Seven e o Cenac Rio, do outro. Ao fundo, há um estande gigantesco para a Livraria Travessa, uma das colaboradoras do evento, onde serão realizadas sessões de autógrafos com artistas dos quadrinhos todos os dias. Hoje, quem deu as caras por lá foi o quadrinista Arnaldo Branco, assinando uma de suas últimas obras,
"Mundinho Animal". Os próximos dias prometem muita animação lá.
Há, no centro de tudo, uma área imensa dedicada a exibir trabalhos de vários artistas nacionais e internacionais, chamando bastante atenção do público.
Quanto às questões funcionais, o lugar tem boas opções de refeição para quem vai passar os dias lá, como eu, mas a questão de ventilação, ou melhor dizendo, a falta dela, é o que mais pesa. O calor lá é impressionante, em especial na sala das oficinas. No auditório onde terão as palestras, há ar condicionado, pelo menos.
|
Mario Cau demonstrando as técnicas de arte-final |
|
Daniel Esteves nos descrevendo a forma como ele
roteiriza suas histórias a partir de suas experiên-
cias de vida |
Falando das oficinas, hoje foram realizadas duas: Arte-Final para Quadrinhos, ministrada pelo desenhista e arte-finalista Mario Cau, autor do quadrinho independente "Pieces"; e Roteiro para Quadrinhos, pelo roteirista Daniel Esteves, autor de histórias para as revistas em quadrinhos nacionais "Nanquim Descartável" e "Front". Na primeira palestra, o tema foi abordado com maestria, onde foram detalhados cada tipo de material possível de ser utilizado em histórias em quadrinhos, desde bicos de pena aos meios digitais. Foi ressaltada a necessidade de existir um estilo no traço do arte-finalista, e deu um panorama muito interessante sobre a parceria entre desenhista e arte-finalista. Ainda se entrou no tema de quadrinhos como forma de arte, que atraiu a atenção de muitos dos presentes na sala. Em suma, durou quase três horas numa sala relativamente pequena e muito quente, mas valeu completamente a pena sair de lá bufando de calor. Cada gota de suor valeu. Na segunda palestra, o tema foi abordado de uma forma muito limitada, a meu ver, onde ao invés de abrir para os estilos de roteiro e vermos na prática como são produzidos, falou-se mais de processo criativo e particularidades de cada autor. Quando entrou na questão de adaptação dos quadrinhos para outros meios de comunicação, a oficina melhorou um pouco, mas não chegou a empolgar muito os espectadores. Um dos pontos, porém, que foram destacados e que considero muito importante em faze-lo também, é que o potencial do que dizer com um gênero determinado de histórias é muito mais relevante do que o desgaste que o gênero em si pode já ter, e por mais que toda história já tenha sido contada, ainda não foi contada por você, e, no fundo, isso é que conta. O estilo de cada um é o que o profissional dessa área tem de mais valioso, e jamais devemos nos esquecer disso. A relação entre roteirista e desenhista também foi abordada, mas de forma muito superficial.
Conclusão do primeiro dia: O evento ainda está engatinhando, e nos próximos dias pode melhorar muito com as presenças dos artistas famosos internacionalmente, porém, há certas questões que merecem ter a devida atenção, como destaco mais uma vez o calor insuportável. Apesar disso, o evento está sendo muito bom, e o contato com as muitas pessoas apaixonadas por quadrinhos tem sido ótimo. O estande da editora Panini ainda não foi ocupado também, e quando o for, acredito que dará inclusive ainda mais fôlego para atrair o público dos aficcionados pela banda desenhada. E por último, destaque para a Livraria da Travessa, que trouxe uma quantidade imensa de quadrinhos nacionais e internacionais (muitos franceses), que você raramente encontra numa loja normal.
Bom, é isso, até amanhã, gente, e lembrem:
É RIO COMICON, BABY!!!