Por Gabriel Guimarães
É uma pena, gente, mas terminou. Porém, deixemos as despedidas para o final, pois tudo tem sua hora. Primeiro, celebremos tudo que ocorreu nesse sexto e último dia da Rio Comicon de 2010.
O público de hoje era mais limitado que o de ontem, ainda assim, haviam muitas famílias no local, que foram agraciadas por vários artistas fantasiados como personagens de games, quadrinhos e mangás para cosplay. Do clássico encanador italiano Mario aos marvelescos Homem-Aranha e Senhor Fantástico, o clíma na Estação Leopoldina hoje era de muito relaxamento, percebendo-se no ar que a calmaria em breve dominaria novamente o saguão enorme da antiga estação de trêns. Foi então que a confirmação da presença do maior ídolo dos quadrinhos brasileiros fez aumentar exponencialmente a animação dos jovens leitores, que corriam e gritavam querendo ve-lo. Claro, estou falando do excelentíssimo quadrinista Maurício de Sousa.
Os modelos fantasiados animaram muito o dia de muitas crianças e famílias |
O dia deve ter sido cansativo para esse grande mestre, que deu uma palestra em quase clíma de "fechar com chave de ouro" do evento, autografou e tirou fotos com 100 felizardos que pegaram senhas na ala dos desenhistas, e depois ainda foi participar de uma mesa final com diversos outros artistas para o encerramento oficial de tudo. Falemos da palestra. Num ambiente lotado de admiradores do seu trabalho, Maurício falou do mercado de quadrinhos, do potencial criativo do brasileiro, do papel educador das histórias em quadrinhos, um pouco do seu processo de produção no seu estúdio em São Paulo, e na revolução que ocorreu com tudo que o envolvia com a criação da "Turma da Mônica Jovem".
Maurício se preparando para a palestra |
Extremamente cordial, ele incentivou os novos artistas, deu conselhos sobre como entrar no mercado da nona arte e deu quase uma aula em termos de administração de marca. Para os que o veem como uma figura meramente capitalista, desejo-lhes informar que ele está muito além disso. Ele tem uma visão muito clara do trabalho que é necessário para a produção de uma história e ele compreende na pele sim tudo o que o artista passa. A parte comercial pela qual alguns se limitam a ve-lo, na verdade, é uma questão de necessidade como qualquer outra na sociedade em que vivemos hoje, e se ele conseguiu atingir tamanho êxito nisso, deve-se única e exclusivamente à sua extrema capacidade de aproveitar as chances que surgiram à sua frente na sua jornada como quadrinista.
Mesmo respondendo a tantas perguntas, ele não deixou de enfatizar o potencial criativo do povo brasileiro, e que nós podemos sim um dia começar a exportar histórias também, e não apenas desenhistas. Não poderia concordar mais.
A apresentação de Maurício de Sousa lotou o auditório |
Para o público de "Turma da Mônica Jovem", alguns avisos foram recebidos com grande entusiasmo: em breve, surgirá também a versão jovem de outro personagem de Maurício, o caipira baseado no seu tio-avô, Chico Bento; e além disso, também surgirá em pouco tempo a série de desenhos animados da Turma, só esperando o aval de qual meio tecnológico será usado para sua produção - 3D, desenho normal ou avatar (não, não os seres azuis, mas sim a tecnologia que usa pontos de sensibilidade de movimento nas roupas de modelos, que são digitalizados para animar um desenho estático gerado no computador, semelhante ao processo que foi utilizado para fazer filmes como "O Expresso Polar" e "O Natal do Senhor Scrooge").
Para o público mais tradicional, falou-se da terceira edição do MSP 50, com título ainda não definido, que será lançado na Bienal do Livro do Rio de Janeiro do ano que vem. Além dessa novidade, falou-se de uma obra que abordará a primeira-dama dos quadrinhos nacionais, a Mônica, de uma forma especial, sem entrar em mais detalhes, apenas que será lançada no meio do ano que vem. Há muito pelo que aguardar.
Marcelo Campos e Renato Guedes, respectivamente, avalia- ram os portfolios de muitos desenhistas na suposta última oficina do evento |
Quanto às oficinas, este derradeiro dia não as teve, mas sim uma avaliação de portfolios organizada pela equipe da Quanta Academia de Artes. Quem levou seu trabalho em histórias em quadrinhos foi avaliado pelos dois grandes desenhistas Marcelo Campos, que já trabalhou na Marvel e na DC e que é o criador do personagem "Quebra-queixo";e Renato Guedes, atualmente desenhista da DC, que já trabalhou com a adaptação da série de televisão "Smallville" para quadrinhos e com vários personagens da família Super (é dele, inclusive, o traço da edição especial que estava há relativamente pouco tempo nas bancas, "Superman Anual #1", da editora Panini). Ouvir o que duas grandes fontes do ramo como eles têm a dizer sempre auxilia em muito os que ainda estão começando, e quem esteve lá pôde comprovar isso hoje.
Bom, infelizmente, chegamos ao momento onde devemos nos despedir desse que foi um dos grandes eventos do ano na cidade do Rio de Janeiro, que entrosou de forma muito harmoniosa os admiradores do gênero da arte sequencial e os autores, tanto de editoras independentes quanto das gigantes do mercado.
Adieu, au revoir, addio, arrivederci, lebewohl, adiós, goodbye, farewell, adeus, até loguinho. A Rio Comicon de 2010 com certeza ficará eternamente marcada na memória daqueles que puderam estar lá presentes, e os contatos que lá fizemos serão mantidos por muitos e muitos anos à frente. Era disso que os quadrinhos aqui do Rio estavam precisando há muito tempo, uma chance de entrosar seus admiradores, tanto estes sejam produtores de conteúdo no seu formato ou não. Da experiência de conhecer outros, nós crescemos muito, e garanto que quem esteve lá saiu de uma forma completamente diferente da qual chegou no primeiro dia. Eu sei que eu saí. Vocês estiveram comigo lá todos os dias, e eu não os esqueci. Convido-os, bons leitores, a manterem contato comigo, para que estejamos sempre crescendo como uma equipe, com laços fortes e firmes. Quaisquer comentários, fotos, opiniões,..., que vocês tiveram do evento, me mandem. Quem sabe vocês também não vêm a conhecer seus artistas favoritos através daqui, ou, até mesmo, descobrem aqui no blog uma voz para poderem ser ouvidos por quem vocês jamais imaginaram que poderiam te ouvir?
Venha, faça parte disso tudo, seja parte da galera. Quem sabe, da próxima vez, somos mais, unidos, gritando a plenos pulmões para que o mundo inteiro possa nos ouvir que:
É RIO COMICON, BABY!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário