quarta-feira, 10 de novembro de 2010

RIO COMICON, BABY!!! - DIA 2

Por Gabriel Guimarães

Painéis expondo os traballhos de diversos artistas preenchem
grande parte da área do evento

Hoje, o calor deu uma trégua, e o segundo dia do grande evento de histórias em quadrinhos da cidade do Rio de Janeiro, de forma sagaz, aproveitou para manter um clíma de muita animação em todo o ambiente da Estação Leopoldina.

Entusiasmados pela presença dos ilustres quadrinistas estrangeiros Kevin O'Neill (desenhista da "A Liga Extraordinária"), Melinda Gebbie (desenhista de "Lost Girls" e esposa do renomadíssimo Alan Moore), Killofer (desenhista da personagem tradicional de livros infantis franceses, "Fantômette", e um dos defensores da banda desenhada na França) e Jeff Newelt (editor das revistas "Smith" e "Heeb"), o público apaixonado pela nona arte esteve num ritmo frenético, sem muito tempo nem para respirar sem perder uma oportunidade de ver de perto tantos autores que muitos só conheciam de nome ou de ouvir falar.

O renomado desenhista britânico Kevin O'Neill autografou muitas cópias da
 "A Liga Extraordinária", sua obra de maior prestígio, feita em parceria
com o aclamado roteirista Alan Moore


A fila para pegar os autógrafos do britânico Kevin O'Neill é um grande exemplo disso, pois parecia nunca esvaziar, conforme algumas pessoas iam recebendo seus livros ilustrados pelo artista pessoalmente, outros mais quase em igual número chegavam para preencher o fim da fila. Flashes de fotos que pediam para tirar junto com o desenhista, feito tanto por crianças quanto por experientes fãs de carteirinha, foi o que não faltou. Eu não fui exceção.
As oficinas do dia também não deixaram por menos, e, tal qual a animação do lado de fora, se mostraram incrivelmente inspiradas.

 
Mario Cau expondo na tela as ideias do esquema
de produção de uma revista de quadrinhos

Enquanto Daniel Esteves mostrou no computador os esboços e ideias
 que foram discutidas entre roteirista e desenhista para a pro-
dução da quarta edição da revista "Nanquim Descartável"
Foram duas as oficinas de hoje: "Como produzir uma revista?", dada pelos dois quadrinistas das oficinas de ontem, juntos; e "Webcomics e Quadrinhos Digitais", oferecida pelo roteirista Cadu Simões, criador do personagem "Homem Grilo", de muito sucesso na rede. A parceria dos dois profissionais de quadrinhos resultou numa palestra dinâmica e muito interessante sobre todo o processo de produção, edição e publicação de uma revista em quadrinhos. Fazendo uma análise minuciosa da produção da revista "Nanquim Descartável", criação de Daniel Esteves e que já teve colaboração de desenhos do artista Mario Cau, a oficina foi muito boa, abordando muitos pontos realmente importantes para o trabalho com a arte sequencial, tais como a definição de um público alvo pela prática, a importância de se realizar todas as etapas de adaptação do estilo dos desenhistas ao que é desejado que se passe nas histórias, e a importância muitas vezes menosprezadas dos elementos que passam despercebidos do primeiro plano do leitor (formato / cor / diagramação / ângulo escolhido para cada cena / expressão facil e corporal / sarjeta). Também foi muito bem abordada a diferença entre editar e publicar, que se dá pela participação do editor em todas as etapas de produção da revista e da história, enquanto o publicador apenas pega o material finalizado e o lança.

Cadu Simões explica as muitas vantagens do
quadrinho digital e expõe o que veio antes dele e
o que deve vir em breve a se expandir

Curiosamente, enquanto esta primeira oficina abordava a história publicada de forma impressa majoritariamente, a segunda abordou toda a questão dos quadrinhos digitais, cada vez em mais evidência e relevância para o futuro do meio. Começando por um histórico do meio desde a narrativa cantada de histórias nas tribos da pré-história (muito por conta da veia do palestrante Cadu Simões, também professor de história em São Paulo), e indo até a cultura de hiperlinkar em que estamos vivendo nos dias atuais, a discussão foi muito interessante. Debatendo sobre questões como Creative Commons e as mudanças na legislação de autoria; e o dispositivo Google Analytics e o rumo econômico que este novo meio de quadrinizar está tomando, o papo abrangiu muito do que está cada vez sendo mais posto sob os holofotes quanto ao futuro dos quadrinhos em si, e não vacilou em nenhum momento. Foi tudo muito bem apresentado e demonstrado, e todos os que estavam lá com certeza saíram mais enriquecidos com o conhecimento que lhes foi transferido.

Em suma, incrivelmente, o segundo dia foi ainda melhor que o primeiro, e não é por menos, amanhã nos reserva muito mais! Não esqueçam:

 É RIO COMICON, BABY!!! 

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