sexta-feira, 28 de outubro de 2011

76 Anos de Muita Emoção

Por Gabriel Guimarães


Ontem, dia 27 de outubro, foi o 76º aniversário daquele que é talvez a figura mais importante para as histórias em quadrinhos no Brasil. Com seu estilo sutil, humilde e ainda assim, empreendedor, seus personagens conseguiram quebrar barreiras, línguas, e conquistaram o mundo, começando pelas crianças. Conforme já foi destacado aqui no blog incontáveis vezes, o papel que este homem desempenhou no panorama geral da arte sequencial brasileira é imprecindível, e jamais sua importância pode ser relevada. Estamos falando, é claro, do grande padrinho da nona arte tupiquinim, Maurício de Sousa.

Nascido em uma família simples, Maurício foi criado em um ambiente onde a arte já predominava, com seu pai e mãe sendo admiradores e autores de poesia, permitindo assim que desde pequeno, ele pudesse construir todo um universo maravilhoso o qual os olhos não podiam ver, mas o qual as palavras certamente poderiam dar vida. E foi na arte que ele encontrou a sua forma de representar essa veia artística única. Começando através de ilustrações para pequenos jornais na sua cidade natal, de Mogi das Cruzes, até a profissão de desenhista para o caderno policial do jornal Folha da Manhã, Maurício sempre manteve um contato muito forte com suas raízes artísticas, dando início em 18 de julho de 1959 à sua longa e muito importante carreira nas histórias em quadrinhos, pelo seu primeiro personagem, o cachorrinho Bidu, acompanhado de seu intrépido dono, o jovem Franjinha.


Maurício com o primeiro volume da homenagem
feita aos seus 50 anos de carreira pelas
mãos de dezenas de quadrinistas influenciados
por ele (o que já foi tema de matéria antes aqui no blog)

Pelos anos que se seguiram, novos personagens foram sendo criados, a partir das principais fontes de inspiração de Maurício, as pessoas com quem teve contato ao longo de toda sua vida. Amigos, conhecidos, filhas. E foi inspirado em suas filhas que nasceram algumas das personagens mais marcantes dos quadrinhos brasileiros, em especial uma um pouco mais baixinha, um tanto gorduchinha, com dentes maiores na frente e que sempre trajava um vestidinho vermelho carregando seu coelhinho azul de pelúcia por toda parte, a Mônica.

Não tendo que utilizar de recursos mais adultos nas aventuras de seus personagens, o público de Maurício se expandiu incrivelmente, se tornando algo quase que onipresente na formação dos novos leitores com o passar das décadas (esse papel influenciador dos quadrinhos já foi discutido aqui no blog antes), e, assim, alcançando um patamar de merecido destaque em toda a cultura popular que o povo brasileiro dividia em comum. Com isso, a turminha resolveu viajar pelo mundo inteiro, levando o rosto e os bons planos infalíveis do Cebolinha para todos os cantos do mundo, sendo traduzidos para dezenas de línguas, com destaque para o mandarim, que veio se consolidando nos últimos tempos, e que a turma da Mônica conseguiu aos poucos ir adquirindo, se tornando muito popular entre os chineses (já foi feita uma matéria antes aqui no blog sobre a cultura dos quadrinhos na China, para quem tiver o interesse, fica o convite para dar uma conferida).


Maurício desenhando seu
personagem favorito, o
dinossaurinho verde Horácio
 E com o tempo, a turminha cresceu. Em 2008, após quase 50 anos, a vida mudou, e a adolescência se tornou a palavra da vez nas histórias do universo criado por Maurício, sem, é claro, manter os tradicionais títulos voltados para o público infantil (o crescimento da turma da Mônica também já foi tema de matéria aqui no blog antes). Tendo um novo título entre seus muitos já publicados, "A Turma da Mônica Jovem" fez tremendo sucesso e este ano de 2011 ainda detém o recorde de edições vendidas de um único número com a tiragem exorbitante de 500.000 exemplares para sua edição de número 34 (que foi tema de matéria aqui no blog também), em âmbito global, superando até as vendas do relançamento da DC no formato digital, que aconteceu recentemente nos Estados Unidos (e que também foi tema de matéria aqui no blog).

Todos fomos influenciados por suas histórias. Todos fomos tocados por seus personagens. Todos somos parte de tudo que a turminha representa. E é por isso, que desejamos, todos, um feliz aniversário com muita alegria e ainda mais sucesso para este grande profissional e talentoso criador que é o paulistano Maurício de Sousa. Obrigado por tudo, Maurício, e que ainda venha muito mais desses momentos marcantes causados pela sua presença entre nós.

4 comentários:

Luciana Cristian disse...

Realmente eu não tenho palavras para explicar o quanto a criação da turma da Mônica influenciou meu aprendizado. O Maurício de Sousa já entrou para história e tenho certeza que é muito difícil (para não dizer impossível) que outro brasileiro consiga alcançar tamanho sucesso e influência quanto ele conseguiu. Bom, parabéns, Maurício! E que você ainda tenha muitos anos de vida para inovar a turma com que eu aprendi a ler rs. :)

GG disse...

Luciana, prefiro não acreditar que seja impossível, mas que apenas seja uma tarefa diária que requer muita luta e determinação. Maurício é um símbolo de onde os quadrinhos brasileiros podem chegar, mas é preciso que mais pessoas sigam os passos que esse grande mestre vem deixando na areia com a sua administração e seu relacionamento com os demais envolvidos no processo de produção de uma história em quadrinhos. Quem diria, que conforme o Maurício completasse novos aniversários, fosse ele a nos dar de presente pequenas demonstrações de sua sabedoria gerencial, de sua sutil forma de contar histórias e de sua sensível humildade?

luiz_modesto disse...

O Mauricio foi um dos grandes responsáveis pela minha inserção no mundo dos quadrinhos. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que a Turma da Mônica contribuiu muito para a minha formação! Não há como me esquecer das noites em que minha mãe lia para mim e minha irmã as aventuras dessa turminha! Inclusive,em dias de poucas ideias, muitas vezes recorri a roteiros da Mônica e adaptei-os para as redações do colégio. Obviamente, a professora sempre gostava! E a fórmula para converter escalas de temperatura entre ºC e ºF? Parece incrível, mas aprendi lendo uma história do Nimbus e até hoje a conservo na memória! Ah, são tantas lembranças...

Suzi disse...

Eu cresci lendo as histórias da Turma da Mônica. Mas, pra se sincera, eu era muito mais ligada aos gibis do Chico Bento (que eram bem mais engraçados).