Por Gabriel Guimarães
Certa vez, o filósofo e marquês espanhol Juan Donoso Cortés afirmou que "No passado está a história do futuro." Hoje, dia 12 de outubro, reservamos este dia para comemorar a juventude, essa etapa da vida que determina muito de quem somos e a razão de porque agimos como agimos. Apesar de toda a preocupação esporádica com o efeito de determinados estímulos nas crianças e nos jovens, ainda hoje passamos por um momento em que a importância dessa fase da vida é relevada e muitas vezes esquecida.
Seria impossível abordar a juventude sem mencionar as histórias em quadrinhos, que ao longo do século passado e início deste, sempre se mostrou um elemento fundamental na formação de gerações e gerações de pessoas ainda em fase de crescimento. Entre os brasileiros, é muito raro, por exemplo, qualquer um afirmar que a leitura da Turma da Mônica, maior criação de Maurício de Sousa, não influenciou determinantemente seu prazer pela leitura ou sua formação enquanto indivíduo. O uso dos quadrinhos enquanto recurso pedagógico, que foi um tema de acalorada discussão ao longo desta semana (e que, em breve, será abordado de forma mais aprofundada aqui no blog), é algo que hoje não pode mais ser negado, e seus usos possuem toda uma gama de possibilidades extremamente magnífica para os professores que optarem por utilizar deste recurso (isto já foi analisado em uma matéria anterior aqui no blog).
Como já foi dito aqui no blog anteriormente, o formato quadrinho nem sempre qualifica uma obra como positiva de ser utilizada para fins educativos, isto parte geralmente da visão dos professores individualmente sobre o assunto da arte sequencial em sala de aula e sobre o tema que as histórias abordam, porém, a nona arte já mais do que provou seu valor como estímulo à leitura, fazendo crescer cada vez mais o público leitor geral, desde o momento que é o grande foco da matéria de hoje,: a infância.
Como o escritor e quadrinista norte-americano Gerard Jones destacou em seu precioso livro "Brincando de Matar Monstros", as crianças enfrentam um grande desafio quando estão crescendo, que é a consciência de sua impotência. Os desafios dolorosos que têm de encarar e as frustrações constantes e adaptáveis a cada novo momento do amadurescimento, acabam gerando uma luta constante contra essa percepção de incapacidade, e as jogam num universo que as abriga e as ajuda a ter forças para ir adiante, que é o universo da experiência, que estimula o lado psicológico das crianças de uma forma ímpar, difícil de ser comparado a qualquer estímulo fora desse campo em particular. E, a fim de expandir isso, como afirma o autor, "Quando a realidade não basta, é a fantasia que vem nos salvar."
A criança e o jovem precisam da fantasia para crescer, pois é muitas vezes nos elementos presentes nesse universo que elas retiram exemplos e influências que as ajudarão a se tornarem mais capazes e fortes, ou seja, mais preparadas para encarar o mundo real fora dos quadrinhos ou dos livros e televisões. O papel dos quadrinhos enquanto instrumento de ensino é justamente capacitar o leitor a não se limitar por apenas ler sobre histórias de aventura e de emoção, mas sim a vivenciar as suas próprias. Os heróis dos quadrinhos, nesse aspecto, têm um papel mais do que fundamental na formação do caráter e consciência dos seus leitores e, apesar de estarem passando já há algum tempo por um período muito obscuro e de critérios questionáveis, o papel do herói ainda é algo essencial, pois justamente transmite ao seu leitor a compreensão de poder. A figura do herói incita justamente esse sentimento nos leitores, que precisam disso para crescer, como, inclusive, destacou o sociólogo goiano Nildo Viana em seu livro "Heróis e Super-Heróis no Mundo dos Quadrinhos".
E foi partindo desse pressuposto universal da formação da juventude, que surgiu a belíssima e altamente recomendável obra "Pequenos Heróis", escrita pelo quadrinista Estevão Ribeiro e desenhada por uma série de talentosos desenhistas de todo o território nacional, dentre os quais o mineiro Vitor Cafaggi (que já foi tema de matéria antes aqui no blog), observando casos específicos do ponto de vista infantil que englobam as histórias lidas e compartilhadas de grandes personagens do mundo dos quadrinhos.
Enfim, neste dia das crianças, o que fica aqui é para reforçar a importância dos quadrinhos enquanto estímulo para a formação e crescimento dos nossos jovens futuros companheiros de sociedade, e, é claro, para lembrar a importância dessa fase, que jamais deve ser negada ou ignorada, mas sim estimulada a sempre ir adiante, por um mundo cada vez melhor. Feliz dia das crianças!
Página de quadrinhos feita por Vitor Cafaggi, sobre nossos heróis e sua influência em nossas vidas |
2 comentários:
Que o Calvin dentro de cada um de nós seja eterno!
Obrigado por citar Pequenos Heróis e Grande Cafaggi, Gabriel...
Tenho orgulho dos dois!
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