Por Gabriel Guimarães
Há 49 anos, inspirado na sua filha que carregava um bichinho de pelúcia de um lado para o outro da casa, o paulista Maurício de Sousa criou a mais célebre das personagens dos quadrinhos brasileiros. Se enturmando fácil, apesar de seu temperamento arredio, com sua preexistente turminha de personagens, dentre os quais, se incluía um certo garoto travesso de poucos fios de cabelo, a personagem foi adquirindo contornos mais suaves e entrando calmamente no coração de todo jovem brasileiro, independente de que região do país morasse.
Seguranças estiveram presentes para assegurar que a comemoração corresse da melhor forma possível |
Se tornando representante da UNICEF em 2005, a Mônica se consagrou como uma marca que já vinha de uma estratégia bem sucedida mundialmente. Presente em dezenas de países e expandindo a quantidade de produtos com a sua marca oficialmente licenciada, as histórias do bairro do Limoeiro ganharam uma dimensão muito maior do que, acredito, fosse originalmente o sonho de Maurício. Porém, frente à realidade que se apresentava para os quadrinhos brasileiros no novo século que se iniciava e observando o sucesso avassalador do estilo de quadrinhos japonês, ele decidiu dar o próximo passo para tornar seus personagens inesquecíveis: Ele os fez crescer.
Resultado de muita pesquisa mercadológica e trabalho dos muitos e excelentes profissionais dos estúdios MSP, em 2007, Maurício lançou com a parceria da editora Panini e sob o olhar atento do editor Sidney Gusman e milhões de leitores fiéis, a nova versão de seus personagens, que haviam passado da infância para a adolescência conforme qualquer pessoa real faria. E tudo mudou.
O público compareceu em massa para o evento |
O mercado se revelou mais aberto do que se imaginava com uma empreitada cuidadosa como foi feita por Maurício, diferente, por exemplo, do que aconteceu no caso da "Luluzinha Jovem", que não conseguiu atingir o público desejado pela falta de identificação. A "Turma da Mônica Jovem" mostrou uma preocupação enorme com os consumidores clássicos, e uma forma de divulgação extremamente efetiva e nova, a partir dos meios eletrônicos disponíveis ao produtor e ao leitor de hoje. Tendo maior retorno do público, os personagens da turminha ficaram mais fáceis de serem relacionados às suas versões clássicas, que permaneceram sendo publicadas em prol dos clássicos fãs da série e dos leitores mais novos, que, muitas vezes, começavam a dar seus primeiros passos na leitura folheando com destaque as revistas de Maurício e companhia.
Como qualquer história onde os personagens crescem, é natural que o mundo ao redor deles também cresça, ganhando tons e dimensões antes não tanto abordados. A tecnologia e a narrativa com que eram produzidas as revistas passaram por uma grande revisão e os leitores responderam de forma altamente positiva. Além de ter permitido ao título o reconhecimento de revista de maior tiragem no mundo inteiro no ano passado (a edição 34, que foi comentada aqui no blog, na época, chegou à tiragem de 500 mil exemplares, superior à primeira edição da nova versão da Liga da Justiça, que chegou à casa dos 300 mil), proporcionou aos próprios personagens uma nova forma de relacionamento, mais íntimo e instigante.
O casal de ouro dos quadrinhos brasileiros, enfim, pode dar seus primeiros passos oficiais, ganhando o coração de todos e alavancando uma avalanche de tanto jovens quanto velhos leitores às bancas de jornal e lojas especializadas. Mônica e Cebola (novo nome ao qual o personagem clássico de Maurício agora responde) se comprometeram a estar sempre juntos e, na edição deste mês, num salto temporal de mais 10 anos no futuro dos personagens, os dois se uniram até que a morte os separe.
Ainda que não seja um fator que afete diretamente as histórias da linha cronológica atual da turma jovem, a edição representou um marco para a história dos personagens feitos pelo MSP. Como um casamento é motivo de comemoração e alegria incondicionais no mundo real como na fantasia, logicamente, um evento deste porte não poderia ter passado em branco, e o pai da noiva (compreenda aqui com ou sem aspas, conforme quiser), recebeu ao todo mais de duas centenas de leitores na livraria FNAC de duas das maiores capitais do país, em São Paulo e no Rio de Janeiro, a fim de autografar a edição comemorativa e oferecer a todos a chance de conferir detalhes do casório que, mais importante e significativo do que é para todos nós, certamente é para ele. Réplicas dos anéis usados pelos personagens, ao lado do buquê que teria sido utilizado na cerimônia são apenas dois dos detalhes disponibilizados. A mesa com doces temáticos e o painel para fotos do público com os noivos, apenas mais um elemento no dia. O principal, porém, era a festa, a alegria compartilhada, o sorriso impresso no rosto de cada um dos convidados ali presentes. Fossem estes conhecidos publicamente, como a autora Thalita Rebouças, que compareceu ao evento no Rio de Janeiro, ou muitos dos ainda infantis e puros jovens de coração doce. A festa ali era para todos, e o evento em si que motivou tudo isso, jamais será esquecido.
Maurício abraça Thalita Rebouças no evento de comemoração no Rio de Janeiro |
Por todas essas e muitas outras razões, o blog Quadrinhos Pra Quem Gosta e toda a sua equipe deseja a mais sincera felicidade e um abraço muito apertado para o grande criador de tudo isso, o padrinho dos quadrinhos brasileiros, e possivelmente, até do casamento em si mesmo, Maurício de Sousa. E que este evento seja apenas um dentre a enorme quantidade de momentos maravilhosos da história recente da turminha, que revela a cada edição ter um futuro mais e mais brilhante. Obrigado a todos, e que sejam felizes para sempre. Parabéns!
4 comentários:
Ótima matéria. O blog está cada dia melhor!
E eu te vi no Face da TMJ, ao lado do mestre. Momento inesquecível. Parabéns por ter sido mais um grande "convidado" da festa e parabéns pelo texto.
Obrigado pelos elogios, galera! Ficamos felizes que tenham gostado!
Como já dito em outras postagens, sou fãzaço do Maurício e suas criações desde criança. Foi com "A Turma da Mônica" que iniciei o meu "vício" por HQ's. Quando saiu a "Turma da Mônica Jovem", passei a colecionar. Parei na edição 19. Mas quando soube dessa notícia, tive de comprar a edição 50. O resultado disso é que me empolguei com as aventuras dessa turma mais uma vez e agora tô correndo atrás das edições que perdi... Uma prova de que esse tipo de estratégia de marketing funciona (funcionou comigo! rsrs). Tô comprando também os especiais anuais e quero ver se consigo os encadernados. Abraços!
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