domingo, 23 de outubro de 2011

RIO COMICON, BABY!!! - ANO 2 - DIA FINAL

Por Gabriel Guimarães


Um pequeno herói junto
ao ator vestido de Capitão América

Num domingo onde o Sol esteve alto, aquecendo o já caloroso ambiente da Estação Leopoldina, o movimento foi consideravelmente bom, e muitas famílias estiveram presentes com crianças de todas as idades, que puderam ter momentos ótimos com os personagens do mundo maravilhoso dos quadrinhos. Aproveitando a presença novamente de atores e atrizes fantasiados dos mais diversos personagens da cultura pop em geral, os pequenos fãs de quadrinhos se divertiram e, sem dúvida, voltaram para casa ao final do dia com recordações para o resto da vida.


Enquanto o movimento familiar aumentou, o negócio do dia ficou em volta dos gibis mais raros e históricos que estavam dispostos na barraca do Arafatt e do Marquinhos, este último o antigo dono da loja de quadrinhos carioca Gibimania, que era ponto de referência no estado e que, já há algum tempo, não estava tanto em destaque. O material levado para o estande e a receptividade dos tanto vendedores quanto admiradores de quadrinhos que são os dois donos disso foram excelentes. Aos colecionadores, foi imprecindível conferir as ofertas lá, e saiu feliz quem conseguiu observar tudo que estava exposto, que, diga-se de passagem, contia material do mundo inteiro feito em quadrinhos, desde Japão, até Argentina, chegando na Rússia.

Cena do curta brasileiro do
anti-herói "Urubucamelô"
Pelo evento, ainda ocorreu a segunda parte do 1º Colóquio de Filosofia e Histórias em Quadrinhos, que contou com a apresentação de alguns trabalhos muito interessantes. Começando por uma análise histórica da abordagem do mito nas aventuras da Mulher Maravilha, feita pela doutora em filosofia Susana de Castro, o colóquio atraiu um público diversificado e bastante curioso com tudo que era dito, em especial, com a criação nacional feita pelo professor da Escola de Comunicação da UFRJ, Fernando Gerheim, o "Urubucamelô", um anti-herói cuja essência consiste numa crítica implícita ao distanciamento dos heróis norte-americanos sobre a realidade da problemática mundana. Originado num lixão, o personagem representa uma questão fundamental sobre o heroísmo mais popular, na questão entre o herói e o marginal.

Numa sequência deste questionamento do herói, o também doutorando Fábio François abordou o niilismo presente na obra máxima do gênero dos super-heróis, "Watchmen", ponderando sobre a metalinguagem intrínseca na história, sobre uma realidade que gira em torno do efeito da real exitência de super seres no nosso mundo real, e não um universo imaginado. Analisando os tipos e momentos do herói, adaptados pontualmente da obra de Heidegger, François observou ainda o papel de cada personagem da trama dessa saga como reflexo filosófico específico da relação com a conscientização da fragilidade da humanidade.

Claremont, ao centro, sendo traduzido pelo estudioso Carlos
Patati,  à sua esquerda, e mediado pelo doutorando
Fábio Morilhe, à sua direita
Ainda numa análise do universo heróico, o professor Luis Alencastro analisou a questão da univocidade do ser presente em obras como a "Crise nas Infinitas Terras", a partir das obras de Sócrates. Tendo precisado se limitar ao tempo que essa etapa do dia necessitou, Lencastro abordou apenas superficialmente a questão, usando do filme "Efeito Borboleta" como um exemplo leigo para o público conseguir compreender a pluralidade de realidades composta pelas decisões as quais são observadas na obra que redefiniu a DC comics nos anos de 1980. Para concluir, o antológico roteirista dos X-men e Wolverine, Chris Claremont, compareceu para responder a algumas questões sociais e composicionais propostas pelo mediador, Fábio Mourilhe. Enfatizando na questão de que ele via seus personagens como pessoas e não como heróis de colant, Claremont destacou que a humanidade dos protagonistas numa história em quadrinhos, ainda que seja numa aventura heróica, é a essência de qualquer boa história. Ao afirmar que "super poderes são um detalhe, e apenas parte de um todo que é a personagem", e que "trabalha com hístórias de pessoas que possuem um dom, seja este dom um super poder ou não", Claremont passou uma tansparência muito grande para o público sobre sua visão dos quadrinhos e mostrou, assim, a razão de ter sido o autor de momentos tão inestimáveis e inesquecíveis nas histórias de grandes personagens da Marvel por muito tempo.

Ao longo do dia, o assédio também foi grande em torno de profissionais dos quadrinhos como a paulista Érica Awano, que esteve autografando livros no estande da Livraria da Travessa, junto da japonesa Junko Mizuno. Autores como Emerson Lopes, que trabalhou no álbum "Pequenos Heróis" (já comentado aqui no blog antes) e é o criador do bem-humorado personagem "Alfredo, o Vampiro" (cujo bom blog pode ser visto aqui); Rafael Coutinho, desenhista da história em quadrinhos "Cachalote"; Alberto Serrano, quadrinista conehcido pelo seu trabalho de street art com os seus personagens Tito e o Cão Viralata; e o cartunista Gilmar, autor de álbuns como "Para ler quando seu chefe não estiver olhando" e "Caroço no Angu", o dia esteve bastante movimentado, e o público presente ganhou muito com isso.


Klebs Jr apresentou uma excelente oficina sobre
o mercado internacional de quadrinhos, que prendeu
a atenção de todos os presentes
 Também foi realizada uma oficina pelo agente Klebs Jr, integrante do grupo Impacto Quadrinhos, sobre o mercado internacional de quadrinhos, que foi extremamente importante para os que a conferiram. Realizada num ambiente melhor do que o que era disponibilizado na edição anterior da Rio Comicon, Klebs comentou sua entrada no mercado de quadrinhos há mais de 15 anos e os pontos fundamentais que a indústria de quadrinhos procura em novos profissionais. Explicando que o mercado internacional de quadrinhos muitas vezes se consiste de uma arte industrializada mais do que uma mera criação pessoal, ele expôs exemplos práticos para pontuar questões que devem ser avaliadas por todos que pretendem seguir carreira nesse meio, e concentrou-se na mensagem que "todo desenho é uma mensagem" para explicar que todo detalhe ou traço que o desenhista faz numa página altera a percepção e assimilação dessa mensagem, tanto para facilita-lo quanto para dificulta-lo. Comentando ainda da necessidade de se compor um repertório visual rico e diversificado, indicando, inclusive, uma série de artistas que merecem ser conhecidos pelos aspirantes a ilustradores, como o artista que definiu a visão dos Estados Unidos no começo do século XX, o brilhante Norman Rockwell, o italiano Claudio Castelini e o clássico Hal Foster, Klebs conseguiu prender a atenção de todos e rendeu uma experiência bastante agradável e instrutiva de forma leve e prática.
 
O dia ainda esteve lotado em torno da apresentação dos
cosplays diversificados que estiveram presentes
 No final do dia, o humorista Fernando Caruso ainda esteve presente no evento, promovendo a premiére de sua nova série no canal de TV a cabo Multishow, "Ed Mort" (personagem este que já foi lembrado aqui no blog antes, em matéria sobre a adaptação de quadrinhos brasileiros para o cinema). Recebido de braços abertos, Caruso facilmente se tornou parte do evento, e até funcionários que estavam trabalhando no evento conversaram e tiraram fotos com ele, rendendo cenas engraçadas e interessantes.

Enfim, mais uma edição da Rio Comicon chega ao fim, mas o que ela proporcionou a todos os que puderam estar presentes, permanecerá sempre com todos. Única como só ela poderia ser, não há não destacar com entusiasmo que:

É RIO COMICON, BABY!!!

2 comentários:

Gilmar disse...

Bela cobertura.Parabéns!! Abração. :o))

GG disse...

Obrigado, Gilmar!