Por Gabriel Guimarães
Ocorreu hoje, na Livraria da Travessa do Barrashopping, no Rio de Janeiro, a primeira sessão do Clube de Leitura HQ, organizado pelo funcionário André Guimarães, a fim de reunir os admiradores da nona arte para um debate saudável e estimulante acerca de histórias específicas abordadas e quaisquer outros assuntos que acabem por surgir através da troca de experiências entre os visitantes presentes.
Organizado nesta primeira edição com foco no recém lançado encadernado "Batman: Vitória Sombria" pela editora Panini, o evento teve início às 16 horas e reuniu um grupo ainda esparso, com pessoas de diferentes idades e de conhecimento diverso sobre o meio. Com duração de pouco mais de uma hora, foi apresentado ao público um pequeno panorama da obra da dupla Jeph Loeb e Tim Sale, com destaque para a organização da ficção apresentada nas três obras destes, realizadas no universo do herói mascarado de Gotham City, sob uma perspectiva mais ampla. Estando bem no meio da trilogia também composta por "Batman: O Longo Dia das Bruxas" e "Mulher Gato: Cidade Eterna", o encadernado do Homem Morcego se concentra em torno dos problemas da família mafiosa Falcone no submundo do crime, sem, entretanto, deixar de lado a vasta gama de vilões e personagens da galeria que preenche o Asilo Arkham e os computadores do vigilante encapuzado.
O grupo presente não foi muito, mas foi um excelente começo para o tipo de encontro |
A obra se foca nas figuras de Batman e do comissário Gordon, que se encontram à frente de um momento crucial de sua composição enquanto personagens das histórias que preencheram tantas revistas ao longo de mais de 70 anos. Com a figura antológica do herói mascarado como cavaleiro solitário, Tim Sale apresenta em seu prefácio uma explicação sobre sua opinião acerca do personagem antes da obra e de como Loeb o convenceu a trabalhar neste projeto, que nos revela facetas pouco destacadas do personagem, como, por exemplo, seu viés investigador e sua relação com aqueles ao seu redor. Noções como família e riscos são continuamente postas em questão na obra, e acabam por tornar a leitura algo agradável, ainda que o leitor precise compreender a questão cronológica com que a história em si é apresentada.
De resto, a reunião foi bastante agradável e rendeu excelentes conversas entre os presentes sobre as raízes dos quadrinhos americanos e seu impacto na nossa realidade brasileira, enquanto leitores deste material. A Livraria da Travessa já confirmou a realização de mais outras duas reuniões deste tipo, de caráter mensal, sempre acontecendo no último sábado de cada mês, contando com uma obra diferente cada vez. Para o próximo encontro, que ocorrerá dia 29 de setembro, a história em quadrinhos "Kick-Ass: Quebrando Tudo" será o tema da vez, e para a reunião seguinte, já está confirmada a obra brasileira "Daytripper", dos gêmeos paulistas Fábio Moon e Gabriel Bá. Com expectativa de tornar esse encontro algo recorrente, André já informou que pretende dar sequência às discussões do público sobre temas da arte sequencial, partindo, por enquanto, de publicações vinculadas à editora Panini, chegando a oferecer 10% de desconto sobre os livros comentados na reunião em seu respectivo dia de debate. Com a duração, em geral, atrelada à marca de uma hora, os papos acabam sendo ágeis e bastante estimulantes. Conforme o evento crescer, porém, acreditamos que o tempo possa ser expandido e a interação possa seguir determinado padrão de ação, dependendo da resposta do público.
Quem esteve lá para conferir essa primeira sessão, certamente, saiu satisfeito, e ficamos na torcida para que este seja apenas o primeiro passo de uma estratégia de boa relação com os leitores dos quadrinhos por parte da Livraria da Travessa, que demonstrou excelente iniciativa nesse campo.