Por Gabriel Guimarães
Nos últimos anos, o Brasil vem ganhando muita força dentro da indústria de quadrinhos com uma nova geração de autores talentosos e determinados para deixar sua marca em cada uma de suas histórias. Seja pela presença cada vez maior de profissionais brasileiros no mercado internacional ou então pela alta produtividade recente de histórias independentes, o mercado tem atravessado um período de grande destaque para o nosso país.
Apesar de este momento ter evoluído a partir de muitas décadas já, foi nos últimos anos que passamos por uma ascensão súbita de muita importância. A geração de autores como Rafael Grampá, Rafael Coutinho, Rafael Albuquerque, Marcelo Braga, Estevão Ribeiro, se tornou sinônimo de qualidade aliada a um uso sublime da arte de contar histórias com a união de textos e imagens, porém, foi de uma dupla de irmãos que vem surgindo uma leva de histórias cuja profundidade emocional e a poesia inerente ganham cada vez mais o espaço dos quadrinhos.
Os gêmeos Gabriel Bá (esquerda) e Fábio Moon |
Os gêmeos paulistas Fábio Moon e Gabriel Bá começaram a carreira como muitos outros profissionais do meio: publicando fanzines de forma independente. Com sua pequena revista caseira "10 Pãezinhos", ambos deram seus primeiros passos na indústria dos quadrinhos, atingindo uma área muitas vezes relegada pelas maiores editoras do meio. Trabalhando com as situações do cotidiano e sua beleza pura e sensível, Moon e Bá criaram um elo com seu público, que sempre esteve atento aos novos lançamentos da dupla, que foi acolhida por editoras como a Via Lettera e a Devir.
Anos depois, os dois decidiram dar um grande salto para os holofotes da indústria principal, firmando uma parceria com outros três autores - o grego Vasilis Lolos, a americana Becky Cloonan e o já mencionado Rafael Grampá -, para lançar um material experimental no mercado americano de revistas, a revista "FIVE". Com a tiragem limitada e a produção custeada pelos próprios autores, a revista foi um sucesso de crítica e de vendas, catapultando a carreira dos gêmeos como os mais proeminentes autores brasileiros a publicar suas obras autorais nos Estados Unidos.
Em seguida, começou a alta procura pelos editores de grandes empresas do mercado, como a Dark Horse e até as duas gigantes do gênero de super-heróis, Marvel e DC. Foi nesta última, porém, que o material da dupla ganhou de vez o coração e o gosto dos públicos não apenas americanos e brasileiros, como do restante do mundo todo. Através de sua história "Daytripper", lançada pelo selo Vertigo de quadrinhos voltados para o público adulto, Moon e Bá narraram a vida de Brás de Oliva Domingos, um escritor de obituários que vive na sombra de seu famoso e reconhecido pai escritor e que também possui um desejo intenso de se tornar um autor que possa se manter sobre as próprias pernas. Contado de maneira sutil e minuciosamente detalhada, a história ganhou quase todos os prêmios aos quais concorreu, permitindo à dupla ostentar seu segundo troféu Eisner, que haviam conqusitado originalmente justamente pela revista colaborativa que os lançara no mercado americano.
Milo Solano nos quadrinhos |
O curta, produzido pela Delicatessen Filmes com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, representa um grande momento para os quadrinhos nacionais, e apresenta uma abertura instigante para aqueles que não conhecem o material dos gêmeos a folhearem da próxima vez que estiverem em uma livraria algum de seus muitos livros publicados. É com grande prazer e respeito que recebemos essa produção tão bem acabada e cuidada por pessoas cujo interesse também se encontra na boa narrativa de histórias, e gostaríamos de convidar a todos os leitores do Quadrinhos Pra Quem Gosta a compartilhar dessa experiência também.
Não deixem de conferir o vídeo acima e depois fazer seus comentários sobre o que achou dele. A troca de opiniões e informações é a grande via que permite uma contínua evolução e agregação de parceiros.
Bon appetit.
2 comentários:
Olá! Faz um tempo que não leio, nem comento nada por aqui. Vou tentar me atualizar, ler o que perdi nesse tempo. Sobre esse assunto aqui, já falei uma vez que pouco conheço dos autores brasileiros, e que tenho vontade de ler a dupla "Moon" e "Bá". Pretendo começar pela Daytripper mesmo. Assim que que a ler, volto a comentar! Abraços! Feliz 2013!
P.S. - Vou tentar fazer uma atualização retroativa dessa vez. rsrs
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