Por Gabriel Guimarães
Publicadas em 2006 nos Estados Unidos pela editora Oni Press, as vinhetas que constituem a história "12 Razões Para Amá-la", feitas a partir dos roteiros de Jamie S. Rich com desenhos de Joëllle Jones, contam o relacionamento entre dois jovens, Gwen e Evan, em seus momentos bons e ruins, característicos de todos os romances urbanos. Oscilando entre o drama e as ponderações existenciais tradicionais da atualidade, a obra captura o leitor despretensiosamente e o leva pela mão entre o passado, presente e futuro do casal, numa experiência um tanto curiosa.
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Apesar de apresentar uma narrativa ousada, o resultado não é tão eficiente, em termos de ordem cronológica dos acontecimentos, gerando uma pequena confusão na hora de posicionar cada peça da história na soma final do livro. A história, entretanto, merece ser conferida para que o leitor possa observar o belo trabalho de contraste entre preto e branco realizado com as cores. Ângulos de requadro instigantes e uma conclusão empolgante e, ao mesmo tempo, curiosa, que dá mais sentido à obra, também merecem ser destacados como pontos positivos da obra. Por outro lado, a obra mereceria ter um tom mais cordial em determinados momentos compostos apenas como subterfúgio para composição da trama, como, por exemplo, no capítulo cinco, quando o casal sai do cinema após assistir o filme "O Exorcista". O nível apresentado na discussão deste capítulo deixa muito a desejar, principalmente em termos de respeito e maturidade, de ambas as partes do conflito. A compreensão da ausência de estereótipos puros já é nítida desde o começo da história, com Gwen não sendo bem uma dama e Evan não sendo bem um cavalheiro, mas o exagero disso nesse capítulo acaba soando como uma apelação para exprimir apenas um dos lados da discussão na história.
A obra foi publicada aqui no Brasil em 2007 pela editora Devir, e não chegou a adquirir muito alvoroço por conta do público. De natureza frágil, mas com acabamento decente e desenhos bem apresentados para representar as fases do casal, "12 Razões Para Amá-la" se qualifica, portanto, como um material leve e um tanto limitado, ainda que retrate em si a realidade de muitos casais no mundo físico. Pelo volume brando de sua leitura, qualifica-se como conteúdo de transição, capaz de ao menos oferecer aos apaixonados irremediados uma ferramenta para saberem que não estão sozinhos no mundo.
NOTA GERAL: 1,5 ESTRELAS.