quarta-feira, 13 de julho de 2011

Quadrinhos e Música

Por Gabriel Guimarães

Foto do evento Live Aid, de 1985

Em 13 de julho de 1985, o compositor e músico irlandês Bob Geldof, a fim de criar uma sensibilização mundial para a luta contra a fome na Etiópia, organizou o evento Live Aid, que consistiu em um show de astros da música mundial que ocorreu simultaneamente em Londres, na Inglaterra, e na Filadélfia, nos Estados Unidos. Transmitido pelo conglomerado da indústria da comunicação BBC, o evento abriu os olhos do mundo para a miséria no continente africano e representou um marco pela mobilização que promoveu. Vinte anos depois, em 2005, Geldof organizou neste mesmo dia um outro evento, o Live 8, que visava influenciar os líderes do G8 (grupo composto pelos oito países mais industrializados e socialmente desenvolvidos do mundo) para que perdoassem a dívida externa dos países mais pobres. Desde então, o dia ficou conhecido internacionalmente como o dia mundial do rock.

No que se trata dos meios de comunicação em si, a música e os quadrinhos realmente não têm uma relação tão clara, uma vez que a música depende muito do sentido da audição, que é quase inexistente na leitura dos quadrinhos. Porém, o caminho dos dois já se cruzou muitas vezes, gerando bons frutos para o público em geral. Uma vez que todo criador realiza uma união de referências acumuladas ao longo de sua própria experiência pessoal, a música não poderia deixar de ser uma fonte inesgotável e abundantemente usada para esse processo. E isso também acontece na outra via de referência.

Apesar de ser mais comum encontrar materiais de arte sequencial que abordem a música a partir do ponto de vista biográfico de determinados artistas, como são os casos da belíssima graphic novel alemã "Cash - Uma Biografia", de Reinhard Kleist, publicado aqui no Brasil pela editora 8 Inverso, e a série mais curta produzida para os admiradores das bandas e músicos mais recentes do momento pela editora Bluewater; há casos também em que a música passa a ser quase um personagem tão importante quanto os protagonistas da história, como na HQ "Xampu Lovely Losers" do brasileiro Roger Cruz, ou até no destaque de vendas "Scott Pilgrim Contra o Mundo", do canadense Bryan Lee O'Malley.

No outro sentido, exemplos também não faltam, e músicas como "I'm no Superman", do artista Lazlo Bane, e "Festa na Casa do Bolinha", dos brasileiros Erasmo e Roberto Carlos (que já foi mencionada aqui no blog antes), mostram isso com muita facilidade. Bandas também conquistaram muito sucesso a partir do uso de suas músicas no tema de desenhos animados produzidos a partir de quadrinhos, como é extremamente comum no Japão.

Essa relação está longe de acabar, e cada dia mostra que as diferenças podem ser muitas entre esses dois meios de comunicação, mas que, onde se quer unir dois elementos tão comuns nos corações de quem cria, seja letras, composições ou quadrinhos, não há obstáculos que impeçam o surgimento de algo grandioso.

3 comentários:

Anônimo disse...

Interessantíssimo.

Quadrinhos e Música são duas artes que podem sim andar de mãos dadas, apesar de meios de difusão tão distintos.

Um outro caminho que seria interessante tomar é sobre as músicas que nós ouvimos lendo HQs, ou músicas que combinam com determinados momentos de HQs... seria interessante saber o que vocês lêem/ouvem. :D

GG disse...

Concordo, Supernovo. Poderíamos lançar uma campanha nesse sentido, quem sabe? Uma parceria para analisar isso seria muito interessante.

Marcos Ordonha disse...

Eu meio que entrei no mundo dos colecionáveis japoneses pelo belíssimo Nana.