Por Gabriel Guimarães
A fim de não estragar a percepção do filme àqueles que querem ter suas impressões próprias nas poltronas das salas de projeção, procuraremos aqui apresentar uma resenha adequada acerca dos valores apresentados no filme e o que pode-se ponderar a partir dos eventos ocorridos neste. As principais revelações ficarão a cargo do filme em si, mas ainda assim, apresentaremos aqui uma análise concisa e imparcial acerca do filme "Vingadores 2 - A Era de Ultron". Dito isto, prossigamos.
Joss Whedon encerra sua passagem como diretor dos Vingadores neste filme |
O mais novo filme da Marvel estreia nos cinemas brasileiros esta semana com o objetivo de apresentar uma nova fase do universo cinematográfico dos personagens da editora. Enquanto a primeira produção fez questão de apresentar o laço que permeou a primeira leva de filmes produzidos pelos estúdios da gigante dos quadrinhos, este segundo surge para consolidar essa marca em expansão e explorar ainda mais as possibilidades que essa junção pode produzir. Para tanto, a Marvel tem feito uso de um procedimento meticuloso na divulgação do material relativo à película, apresentando muitos estímulos aos fãs exigentes e ansiosos por novidades de seus queridos heróis, ao mesmo tempo em que se reservou o direito de guardar elementos surpreendentes e agradáveis para a experiência particular dos espectadores do cinema.
O filme apresenta os Vingadores em um momento diferente daquele em que os encontramos na primeira aventura conjunta dos personagens. Outrora submetidos aos interesses governamentais que os uniram em um primeiro momento, os heróis agora já carregam consigo seus próprios emblemas e cicatrizes de batalha unida. Como equipe, eles já estão mais aptos a defender os inocentes, e sua dinâmica em campo é um elemento de grande qualidade, inclusive. Iniciando o filme com uma pegada bem acelerada e com boas doses de ação, o público encontra os seus heróis na cidade europeia de Sokovo, já em meio a uma missão de apreensão do cetro de Loki, algo que já foi bastante explorado no filme anterior, mas cujo potencial é muito maior do que apresentado até então.
A cena do trailer sobre Mjolnir, o martelo do Thor, tem mais importância do que parece ao longo do filme |
Abordando de forma instigante as particularidades dos personagens em si e seus relacionamentos uns com os outros, o filme aprofunda um pouco mais a história de alguns heróis pouco trabalhados até então, ao mesmo tempo em que dá uma sensação de amadurecimento a outros cujos passos já vínhamos seguindo nos últimos anos. Conflitados por fantasmas do passado distante e presente, os personagens precisam se redescobrir nesse filme, colocando em xeque os conceitos sobre os quais viveram e se constituíram. Em meio a isto, a ameaça de Ultron surge de forma desproposital, provocando novas rusgas que mais tarde se tornam mais intensas no filme.
O relacionamento de Bruce Banner e Natasha Romanoff é um dos pontos altos do filme |
Aproveitando-se disso, o ser artificial pretende levar a cabo o desejo de proporcionar um mundo sem guerras de seu criador, Tony Stark, de uma forma agressiva que não havia sido ponderada inicialmente. Em meio ao caos que o robô pretende abater sobre o mundo, ele acredita que a humanidade há de evoluir para estar apta aos novos desafios. Determinados a impedir os planos de Ultron antes que seja tarde, os heróis seguem os pequenos rastros deixados para trás que os levam até o mercenário Ulysses Klaw, interpretado pelo versátil ator Andy Serkis, detentor do raro metal Vibranium, retirado das selvas de Wakanda. Ao chegarem a ele, porém, os heróis são confrontados com o vilão que subentitula o filme e seus dois parceiros, os gêmeos Pietro e Wanda Maximoff. Em uma empolgante sequência, Thor, Viúva Negra e Capitão América são submetidos a lutar contra alguns de seus maiores receios e dores, enquanto o Gavião Arqueiro, Homem de Ferro e Hulk acabam tomando parte em outros eventos igualmente alarmantes, rendendo cenas de grandes qualidade e emoção.
Clint Barton ganhou bastante destaque nessa continuação |
Abalados pelo conflito, os heróis reavaliam a proposta da existência do grupo, abrindo margem para consequências relevantes para a cronologia cinematográfica dos estúdios, as quais já podem ser conferidas no desenrolar deste filme e nos próximas produções, como "Capitão América - Guerra Civil" e "Thor - Ragnarok". Tratando discussões sobre legado como algo de interesse dos heróis, tanto social quanto pessoal, o diretor Joss Whedon traz à tona traços de personalidades mais humanos a personagens até então fechados, como a Viúva Negra e o Hulk, mas, principalmente, o Gavião Arqueiro. Uma vez que seu intérprete, Jeremy Renner, apresentara válido descontentamento com a falta de características de seu papel, ele agora adota um tom humano que ajuda a contrabalançar o grupo de superseres, o que o torna um elemento de destaque neste filme.
Observando Ultron procurar por mais poder para executar seus planos, os heróis são obrigados a combatê-lo de forma contínua, ao mesmo tempo em que os novos personagens Pietro e Wanda amadurecem em cena, percebendo que nem tudo é o que parece, passando a reavaliar sua participação no processo de erradicação da humanidade. Trazendo, então, outros elementos novos e instigantes acerca da inteligência artificial, o filme apresenta um de seus mais potencialmente poderosos personagens, o androide Visão. Entrar em maiores detalhes seria privar o público da experiência estimulante apresentada nas telas do cinema, então, apenas deixamos o convite para que a história em si possa ser conferida na íntegra por cada espectador a fim de que proporcione conclusões individuais e momentos de diversão e animação ímpares.
O filme é, portanto, uma obra de transição, em suma. Ele encerra um ciclo que vinha sendo conduzido com paciência e abre uma nova fase que demonstra desde já agitação tanto dentro de cena quanto fora dela. Os estúdios, percebendo a reação de êxtase do público, vem se aproximando de seus admiradores e criando um universo empolgante e cheio de possibilidades para o futuro, que parece muito animador. O trabalho com o principal vilão do filme, feito de forma mais sutil e cômica do que se supunha, dialoga principalmente com as expectativas dos personagens para o universo no qual estão inseridos e na sequência de suas respectivas histórias. Se a ansiedade do público ao longo do processo de divulgação desse projeto foi magnífica, com destaque para o estande montado pela Marvel na ComiCon XPerience de 2014, (cuja cobertura completa pode ser conferida aqui no blog), o que está por vir certamente deixará os afincos espectadores dos estúdios da editora e os fãs desses extraordinários heróis no limite de suas cadeiras, envolvidos e emocionados com um projeto midiático que vem marcando época e é fonte de ricas observações para o papel desempenhado por esse material na vida de seus admiradores
"Eu vejo um novo começo de Era..." |
NOTA GERAL: 4 ESTRELAS.
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