Por Gabriel Guimarães
A
cidade de Miguel Calmon, na Bahia, perdeu hoje, pela manhã, um de seus
filhos mais ilustres. O quadrinista Antônio Luiz Ramos Cedraz, criador
dos personagens da Turma do Xaxado, faleceu aos 69 anos, vítima de
câncer no intestino, deixando para trás um legado de imenso valor,
principalmente no que se refere à abordagem que trazia para elementos do
cotidiano do Nordeste brasileiro, além de uma profunda admiração pelos
profissionais brasileiros que trabalhavam com a arte sequencial, como
Waldyr Ygaiara, Gedeone Malagola, Júlio Shimamoto e Maurício de Sousa.
Apaixonado
pelo desenho desde seus 16 anos, Antônio se formou e ocupou a posição
de professor de Ensino Fundamental na cidade de Jacobina, tornando-se
funcionário do Banco Econômico pouco depois, profissão esta que
seguiu até se aposentar. Com o resguardo financeiro adquirido ao longo
de sua carreira, investiu no Estúdio Cedraz, onde retomou a produção de
muitos personagens que fora criando ao longo dos anos. Tendo sido
premiado no 2º Encontro Nacional de Histórias em Quadrinhos, realizado
em 1989 na cidade do Araxá, Minas Gerais, Cedraz foi chamado pelo jornal
"A Tarde", de Salvador, para produzir tirinhas de forma regular a partir de 1998.
Seus personagens Xaxado, Zé Pequeno e Marieta, entre outros, foram obtendo sucesso junto aos leitores e acabaram ganhando publicação por editoras como Escala e HQM, chegando até a protagonizar cartilhas para o Estado sobre métodos de prevenção de doenças, além de contínuos estímulos ao respeito ao próximo, o voto consciente e à escolarização dos jovens. Após um período de grande reconhecimento pelos críticos, em que o autor foi premiado com quatro Prêmios HQmix (1999, 2001, 2002 e 2003), Cedraz ainda viu seus personagens receberem apoio da UNESCO. Em meio a essa premiação, Antônio ainda foi premiado com o Prêmio Ângelo Agostini por sua colaboração para os quadrinhos brasileiros (premiação esta restrita apenas àqueles com, pelo menos, 25 anos de trabalho dedicado ao meio). Em 2015, inclusive, o autor seria um dos grandes homenageados do IX Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), em Belo Horizonte.
Cedraz não tinha, contudo, uma estrutura que lhe permitia ir tão além como ele pretendia com sua criação. Ele sempre se mostrou reticente com a preferência do mercado editorial brasileiro de publicar conteúdo estrangeiro ou centralizado no eixo Rio-São Paulo. Em suas entrevistas, ele sempre reafirmava seu desejo de dar voz aos tipos brasileiros esquecidos pelas grandes mídias, acendendo uma consciência social em seus personagens e transmitindo várias facetas da cultura dos nordestinos que acabavam sendo marginalizados ou estereotipados tradicionalmente. Cedraz foi um destemido defensor da cultura genuinamente brasileira, e seu legado, algo muito além de seus personagens e de sua produção gráfica, há de permanecer vivo em cada um de seus muitos leitores, amigos e admiradores. O Xaxado perdeu seu principal cangaceiro, mas a dança não pode parar, e nem deve.
Há, ainda, uma entrevista concedida pelo quadrinista baiano à escritora pernambucana Michelle Ramos, realizada entre fevereiro e março de 2007 para o site "Recanto das Letras", que pode ser conferida aqui, para quem tiver interesse.
Seus personagens Xaxado, Zé Pequeno e Marieta, entre outros, foram obtendo sucesso junto aos leitores e acabaram ganhando publicação por editoras como Escala e HQM, chegando até a protagonizar cartilhas para o Estado sobre métodos de prevenção de doenças, além de contínuos estímulos ao respeito ao próximo, o voto consciente e à escolarização dos jovens. Após um período de grande reconhecimento pelos críticos, em que o autor foi premiado com quatro Prêmios HQmix (1999, 2001, 2002 e 2003), Cedraz ainda viu seus personagens receberem apoio da UNESCO. Em meio a essa premiação, Antônio ainda foi premiado com o Prêmio Ângelo Agostini por sua colaboração para os quadrinhos brasileiros (premiação esta restrita apenas àqueles com, pelo menos, 25 anos de trabalho dedicado ao meio). Em 2015, inclusive, o autor seria um dos grandes homenageados do IX Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), em Belo Horizonte.
Cedraz não tinha, contudo, uma estrutura que lhe permitia ir tão além como ele pretendia com sua criação. Ele sempre se mostrou reticente com a preferência do mercado editorial brasileiro de publicar conteúdo estrangeiro ou centralizado no eixo Rio-São Paulo. Em suas entrevistas, ele sempre reafirmava seu desejo de dar voz aos tipos brasileiros esquecidos pelas grandes mídias, acendendo uma consciência social em seus personagens e transmitindo várias facetas da cultura dos nordestinos que acabavam sendo marginalizados ou estereotipados tradicionalmente. Cedraz foi um destemido defensor da cultura genuinamente brasileira, e seu legado, algo muito além de seus personagens e de sua produção gráfica, há de permanecer vivo em cada um de seus muitos leitores, amigos e admiradores. O Xaxado perdeu seu principal cangaceiro, mas a dança não pode parar, e nem deve.
Há, ainda, uma entrevista concedida pelo quadrinista baiano à escritora pernambucana Michelle Ramos, realizada entre fevereiro e março de 2007 para o site "Recanto das Letras", que pode ser conferida aqui, para quem tiver interesse.
2 comentários:
O Universo HQ errou a informação e colocou apenas quatro HQMix, e todos os sites estão reproduzindo... Cedraz foi vencedor de seis troféus HQMix!!
Nossa referência não foi apenas o Universo HQ. No próprio site da Turma do Xaxado, os prêmios que estão aferidos ao autor são quatro. Essa questão, inclusive, foi um dos maiores entraves na hora da pesquisa para a matéria, uma vez que havia lugares que indicavam quatro, cinco ou seis premiações. =/
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