Por Gabriel Guimarães
Desde a invenção da imprensa de Gutemberg, todo tipo de material impresso já foi utilizado para fins políticos, desde jornais a revistas. Inclusive os quadrinhos. Correto ou não, imparcial ou não, ela sempre esteve lá, acalorando debates e fazendo tremer as bases do mundo dos super-heróis, até mais do que uma ou outra eventual vinda de Galactus ou de um Devorador de Sóis qualquer.
Sejam nos quadrinhos espaciais do Surfista Prateado, ou na Segunda Guerra, encarada de frente pelos heróis como Capitão América, Capitão Marvel e Superman, as ideologias políticas sempre estiveram presentes no meio quadrinhístico. Essa presença política nos territórios das HQs é tamanha, que tem sido discutida há muito tempo pelos teóricos e historiadores da área, como Moacy Cirne, em Quadrinhos, Sedução e Paixão, e Roberto Guedes, em A Era de Bronze dos Super-Heróis.
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Na história dos quadrinhos de heróis, há, inclusive, duas ocasiões que merecem nossa atenção para uma análise precisa desse tema. Elas são: a candidatura do Capitão América para a presidência dos Estados Unidos (1980), e a eleição do Homem de Ferro para secretário da defesa dos Estados Unidos (2005).
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candidatar à presidência para dar ao povo americano o que ele realmente merece. Esta história ficou sendo uma clara alusão ao caso Watergate, que remexeu com o lado político de cada americano da época, inclusive com Roger Stern, roteirista da linha do Capitão América para a Marvel. No final, o soldado desiste da candidatura, alegando que ser presidente é um cargo que exigiria 24 horas de sua atenção todos os dias da semana, e que se alcançasse esse status, não poderia mais ajudar os fracos e oprimidos pelo mundo afora, como o fazia como Capitão América. Porém, antes de o arco terminar, ainda houve tempo para mais uma referência política, quando J. Jonah Jameson, dono do Clárim Diário e renomado anti-mascarados, tem que decidir se o jornal vai ou não apoiar a candidatura de Steve Rogers. ''O Capitão é um bom homem, mas lembra quando estrelas de cinema começaram a fazer o mesmo?'', fala Jameson durante um debate com Robertson, seu editor-chefe. Essa pérola foi uma referência à eleição de Ronald Reagan para a Casa Branca.
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Esses dois casos são muito interessantes por fugirem ao padrão do esperado pelos fãs, e permitem-nos perceber a grande influência da política nos quadrinhos. Esta última ainda nos permite notar que durante o governo Bush (2001-2008), ocorreu o auge das histórias com base política, quando surgiram HQs como Authority, Black Summer, dentre outras, que representavam a crítica e a desaprovação do povo com o governo pró-guerra de George W. Bush.
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Há pouco tempo, outra abordagem política 'surpreendeu' a todos os leitores de quadrinhos. Após a eleição do candidato Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, muitas HQs se voltaram para o lado político e declararam seu apoio ao novo presidente. A que mais chamou a atenção foi a aparição de Obama na revista de linha do Homem-Aranha, a qual esgotou no primeiro dia de venda, chegando à impressionante marca de 1,5 milhão de revistas vendidas até o momento. A comoção geral para a compra dessa edição só é similar à da venda da última edição do arco A Morte do Super-Homem, em 1992.
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