Não, não é o Comissário Gordon, é Peter Parker mesmo!
Peter continua sendo um fracassado, fato comprovado quando é despedido de seu emprego numa floricultura logo no início da história. Ele aparenta estar numa idade muito avançada na medida que cabelos brancos lhe cobrem a face e necessita de óculos novamente, fato que não ocorria desde o início de sua carreira de herói. Ele abandonou o traje de Homem-Aranha de vez, depois de mais uma vez faltar para com aqueles que ama, levando à morte de sua amada Mary Jane Watson-Parker.
Partindo desse futuro estranho (para dizer o mínimo), a trama se inicia quando Jameson entrega um pacote a Peter contendo sua antiga câmera e a máscara que este usava em seus tempos joviais. A partir daí, o antigo editor começa sua campanha para abrir os olhos dos cidadãos contra o vilão por trás do prefeito, Venom, e ao retorno do ícone que era o Homem-Aranha.
A história tem momentos de narrativa brilhante e certos momentos de clímax realmente emocionantes, que agradam muito. Quanto à arte, é uma clara cópia do estilo usado por Frank Miller em 1985. Porém, há momentos muito estranhos nessa visão deturpada do cabeça-de-teia. Alguns deles posso listar,: Quando a população está indo para o prédio em que Peter vive, surge um ex-herói ou ex-vilão (não dá pra ter certeza de qual dessas classes seria), chamado DJ Hypno, cujo poder é tão ridículo (ele usa seu rádio que toca fita-cassetes para fazer os seus inimigos dançarem funk, dá pra acreditar??) que não chega a durar nem duas páginas inteiras vivo; Em meio a uma das melhores cenas de luta da edição, quando o Homem-Aranha está para ser decapitado por Kraven, surge um Doutor Octopus, não se sabe de onde, que arranca o aracnídeo do meio da briga e o leva até o cemitério onde a família Parker está enterrada para depois simplesmente sumir sem deixar rastro; - Ao encontrar o cadáver de sua amada MJ no cemitério, os autores da história devem ter pensado 'o que mais poderia acontecer se não o beijo mais nojento já mostrado numa história em quadrinhos?', mostrando Peter como um necrófilo muito estranho;
O final, apesar das emocionantes batalhas e estimulantes reviravoltas, é meio sem graça, deixando uma sensação de que ficou faltando alguma coisa.
Essa história é, para mim, um exemplo óbvio de que nem todas as abordagens bem sucedidas nos quadrinhos com um personagem podem ser bem sucedidas com outros. O Homem-Aranha é de um universo totalmente diferente do Batman, e não digo no sentido Marvel/DC, mas sim no contexto e motivações dos personagens.
Ao Batman o que é do Batman, e ao Homem-Aranha o que é do Homem-Aranha, não adianta tentar trocar as bolas porque não dá certo.
NOTA GERAL: 2,5 estrelas.
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